São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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Rio recusa transferência de 300 integrantes da facção

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA NO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

O subsecretário de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, Aldney Peixoto, disse ontem à Folha que o governo ainda examina pedido do governo federal para receber 300 presos da facção criminosa PCC em presídios fluminenses e mantê-los durante 120 dias. Salientou, no entanto, que a possibilidade de aceitar a medida é remota.
A solicitação foi feita pelo Ministério da Justiça, por meio do ofício assinado pelo diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Maurício Kuehne, e datado de 19 de julho.
O objetivo é, por um convênio de cooperação mútua já firmado entre os governos federal e estadual, transferir presos para tentar desarticular a onda de mortes e rebeliões atribuída ao PCC em São Paulo.
Peixoto afirmou ser difícil para o Estado abrigar integrantes da facção porque a capacidade do sistema penitenciário do Rio esta "no limite", com mais de 22 mil presos. Declarou, porém, que somente hoje a pasta chegaria a um parecer final sobre a proposta e se pronunciaria oficialmente.
Segundo o subsecretário, a possibilidade de o PCC estabelecer ou reforçar alianças com as principais facções criminosas do Rio é outro fator que dificultaria a guarda dos presos vindos de São Paulo. No Rio, atuam três organizações criminosas- o CV (Comando Vermelho), o TC (Terceiro Comando) e a ADA (Amigos dos Amigos)- que são rivais.

Aliança interestadual
Este contato já aconteceu, justamente quando presos ligados ao PCC foram transferidos de São Paulo para o Rio em 2001. Vieram José Márcio Felício, o Geleião, e César Roriz da Silva, o Cesinha.
Naquele ano, a polícia carioca ainda prendeu no morro da Mangueira (zona norte) -onde a venta de droga é dominada pelo CV- Alejandro Juvenal Herbas Camacho Junior, 34, irmão de Marcos Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC e acusado de ser o mandante das mortes de policiais e agentes penitenciários deste ano em São Paulo.
De acordo com a polícia, no período em que estiveram no Rio, Cesinha firmou alianças com o CV e Geleião, com o TC e a ADA.
Para o Sindicato dos Agentes Penitenciários, as transferências de presos com objetivo de evitar motins devem ser como a do traficante Luiz Fernando da Costa, o Beira-Mar, que passa períodos isolados em penitenciárias federais desde que foi retirado de Bangu 1, após chefiar uma rebelião em 2002. Atualmente, ele se encontra na penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná. (JOÃO PEQUENO E MARIO HUGO MONKEN)


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