São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Brasil triplica distribuição de remédio contra a gripe suína

Fiocruz produz 210 mil cartelas de medicamento, o triplo do que já foi distribuído no país

Remédio é feito a partir do princípio ativo do Tamiflu; versão nacional não tem nome comercial e só pode ser distribuída gratuitamente

Eduardo Naddar/Folha Imagem
Técnicos do complexo de Farmanguinhos, da Fiocruz, manuseiam remédio utilizado no tratamento da gripe suína; serão distribuídas 210 mil cartelas feitas no país

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

O laboratório de Farmanguinhos (RJ), da Fiocruz, entregou ontem ao Ministério da Saúde as 150 mil primeiras cartelas produzidas no país do medicamento para tratamento da gripe A (H1N1), a gripe suína, que, até ontem, havia causado 63 mortes no Brasil. Outras 60 mil serão entregues hoje. Cada cartela contém dez cápsulas e é suficiente para tratar uma pessoa.
As 210 mil cartelas do oseltamivir (comercializado como Tamiflu) são o triplo de todo o volume já distribuído pelo ministério -70 mil kits, adquiridos da fabricante suíça Roche.
No momento, a pasta acredita não haver necessidade de fazer novas encomendas à Fiocruz, pois ainda aguarda, da Roche, 800 mil caixas de Tamiflu: 50 mil em meados de agosto e 750 mil até o fim de setembro.
De acordo com o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, a produção local foi possível devido a uma licença voluntária concedida pela Roche. O Tamiflu, feito a partir de fosfato de oseltamivir, é a principal forma de tratamento dos casos graves.
Segundo Felipe, em 2006, em meio ao temor de uma epidemia de gripe aviária, o governo brasileiro adquiriu da fabricante nove toneladas do oseltamivir e obteve permissão para desenvolver o medicamento.
A partir daí, a Fiocruz começou a desenvolver a tecnologia para produzir o remédio, feito da mistura do princípio ativo com substâncias que ajudam no rompimento da cápsula e na dissolução e absorção.
A licença, porém, não permite que o Brasil sintetize o princípio ativo, que precisa ser comprado da Roche. Segundo o ministério, as nove toneladas são suficientes para produzir 9 milhões de tratamentos.
Os 210 mil foram encomendados há 30 dias. Para atender à demanda, a Fiocruz interrompeu a produção de antirretrovirais para Aids, mas, diz Felipe, isso não prejudicou o cronograma desses medicamentos.
O diretor explicou ainda que o remédio da Fiocruz tem a mesma eficácia do Tamiflu. "Ele reforça o sistema imunológico, diminuindo a liberação de vírus e fortalecendo as células para que os vírus circulantes não entrem nelas."
Por exigência da Roche, porém, a aparência é diferente. Enquanto a cápsula do Tamiflu é amarela e branca, a versão nacional é laranja. Também não tem nome comercial e só pode ser distribuída gratuitamente.
Conforme o ministério, os kits serão enviados às secretarias de Saúde de RJ, SP, MG, RS, SC e PR. Os outros Estados serão atendidos até sábado.

Descentralização
O Ministério da Saúde afirmou ontem que decidiu, com os Estados, descentralizar a oferta do medicamento, para agilizar sua aplicação. Não muda, porém, o protocolo que determina quais casos devem ser medicados -pessoas em grupo de risco ou situação já agravada.
"[A medida] Atende à evolução da situação nas últimas duas semanas, com aumento grande na demanda", afirmou Eduardo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica.
A forma como isso ocorrerá ficará a cargo de Estados e municípios, que definirão onde o remédio estará disponível e quem pode fazer a prescrição.

Colaborou a Sucursal de Brasília



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