São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Restrição a fretados ameaça city tour em SP

Empresas de ônibus dizem que estão com dificuldade para obter autorização para circular com turistas pela cidade

Turistas japoneses e crianças em excursão foram barrados na Paulista; SPTuris admitiu o problema, mas disse que isso será resolvido rapidamente


Leticia Moreira/Folha Imagem
Crianças e jovens japoneses do time de futebol Tokyo Verdi, que teve seu ônibus apreendido na terça-feira, na região da Paulista

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a restrição à circulação de ônibus fretados em parte do centro expandido de São Paulo, determinada pela gestão Gilberto Kassab (DEM), até mesmo os city tours da avenida Paulista estão ameaçados.
Embora a portaria que regulamentou o serviço permita ônibus de turismo e transporte para eventos, congressos e centros culturais, na prática a Secretaria dos Transportes não está autorizando a entrada na avenida Paulista e em outras 11 vias importantes da cidade, como Faria Lima e 23 de Maio.
Quem insiste em burlar a regra corre o risco de ser multado e ter o veículo apreendido. A orientação é que os ônibus parem em vias próximas, o que obriga turistas e crianças a caminhar até os pontos turísticos.
Empresas de turismo reclamam que o site da prefeitura onde é feito o pedido de autorização especial não é adequado e que o processo é lento.
Há casos simbólicos. Na terça-feira, às 17h35, um ônibus com cerca de 30 crianças e jovens japoneses de equipes de base do time de futebol Tokyo Verdi foi apreendido em frente ao shopping Pátio Paulista.
Eles tiveram que descer e ficaram andando no shopping enquanto o fiscal fazia a apreensão. No fim, foram "escoltados" pelo fiscal ao hotel -não puderam seguir o passeio- e o ônibus foi recolhido.
A prefeitura disse que o ônibus foi retido "por realizar percurso intermunicipal quando tinha autorização para transporte fretado municipal". Os atletas vinham de Guarulhos e visitariam pontos históricos do centro. Segundo a pasta, o ônibus não tinha autorização.
Outro exemplo ocorreu anteontem em frente ao Itaú Cultural. Um ônibus foi multado por parar na Paulista para desembarcar cerca de 40 crianças. O fiscal queria que ele parasse em ruas próximas. A secretaria não se manifestou.
Jorge Miguel dos Santos, diretor-executivo do Transfretur (sindicato das empresas de fretamento para turismo), disse que as restrições da prefeitura estão inviabilizando o setor. "Eles [a prefeitura] não avaliaram o impacto. Estão afetando toda uma cadeia produtiva."
Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris (empresa municipal de turismo), admitiu o problema, mas disse que isso será resolvido rapidamente. "No início sempre tem problema, mas os técnicos vão encontrar uma solução", afirmou.
Kassab disse que não deve fazer novas concessões como ocorreu na avenida Luiz Carlos Berrini -a prefeitura recuou e liberou os ônibus na avenida após um protesto.
Kassab também defendeu a Secretaria dos Transportes, que admitiu ter divulgado dados errados que inflaram os ganhos da restrição dos fretados, como a Folha divulgou ontem. "Foi um equívoco", disse.


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