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VIOLÊNCIA
Queda nos primeiros 6 meses é de 2% em relação a 98, ano recorde de assassinatos
SP não consegue reduzir homicídios
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
O número de homicídios na cidade de São Paulo durante o primeiro semestre ficou praticamente no mesmo nível dos primeiros
seis meses de 1998 -ano recordista de assassinatos na capital.
Foram 2.591 moradores assassinadas até junho deste ano. O que
significa apenas 2% a menos do
que o recorde. No mesmo período de 1998 o total de homicídios
entre paulistanos chegou a 2.635.
Em relação a 1997, por exemplo,
o número de mortes do primeiro
semestre deste ano ainda é 15%
maior. Também é 6% superior à
média de 1994 a 1998, período que
abrange dois anos de recordes
(1995 e 1998).
Os dados são do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade, da
Prefeitura de São Paulo).
"Os números mostram estabilidade, o que é preocupante porque
o recorde do ano passado deveria
ter gerado uma ação que provocasse mudanças no total de assassinatos", avalia o médico Marcos
Drumond, um dos coordenadores do Pro-Aim.
A análise das informações por
regiões da cidade indica que pode
ter havido uma ação da polícia,
mas ela se mostrou pouco eficaz.
Os três distritos paulistanos que
registraram as maiores taxas
(mortes em relação à população)
de homicídio no ano passado
-Guaianazes, Brasilândia e Jardim Ângela- viram cair ligeiramente o número de assassinatos
de seus moradores no primeiro
semestre de 1999.
No primeiro, a queda foi de 23%
(de 47 para 36 mortes na comparação dos primeiros semestres).
Na Brasilândia a redução (112 a 92
mortes) foi de 18%, e no Jardim
Ângela, de 16% (130 a 109).
Se diminuíram entre os habitantes dos bairros mais estigmatizados da cidade, os assassinatos
cresceram em outros distritos,
que já registravam médias altas,
mas não recebiam tanta atenção
dos meios de comunicação e da
polícia.
No Itaim Paulista, por exemplo,
os homicídios aumentaram 76%.
Foram 46 moradores assassinados nos primeiros seis meses de
1998. Até junho passado essa conta já chegava a 81.
Tendência semelhante pode ser
verificada no Grajaú (aumento de
45%, de 88 para 128 mortes) e em
Campo Limpo (43%, de 37 para
53 homicídios).
A política do cobertor curto
-que, para melhorar as condições em uma área, descobre outra- não foi suficiente para mudar a tendência da violência paulistana.
A enorme maioria dos mortos
ainda está entre os moradores das
regiões mais periféricas e pobres
-seja da Brasilândia ou do Grajaú.
Entre os moradores do Jardim
Paulista, região nobre da cidade,
só houve dois assassinados até junho deste ano, mesmo número
do ano passado.
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