São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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VIOLÊNCIA
Queda nos primeiros 6 meses é de 2% em relação a 98, ano recorde de assassinatos
SP não consegue reduzir homicídios

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

O número de homicídios na cidade de São Paulo durante o primeiro semestre ficou praticamente no mesmo nível dos primeiros seis meses de 1998 -ano recordista de assassinatos na capital.
Foram 2.591 moradores assassinadas até junho deste ano. O que significa apenas 2% a menos do que o recorde. No mesmo período de 1998 o total de homicídios entre paulistanos chegou a 2.635.
Em relação a 1997, por exemplo, o número de mortes do primeiro semestre deste ano ainda é 15% maior. Também é 6% superior à média de 1994 a 1998, período que abrange dois anos de recordes (1995 e 1998).
Os dados são do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade, da Prefeitura de São Paulo).
"Os números mostram estabilidade, o que é preocupante porque o recorde do ano passado deveria ter gerado uma ação que provocasse mudanças no total de assassinatos", avalia o médico Marcos Drumond, um dos coordenadores do Pro-Aim.
A análise das informações por regiões da cidade indica que pode ter havido uma ação da polícia, mas ela se mostrou pouco eficaz.
Os três distritos paulistanos que registraram as maiores taxas (mortes em relação à população) de homicídio no ano passado -Guaianazes, Brasilândia e Jardim Ângela- viram cair ligeiramente o número de assassinatos de seus moradores no primeiro semestre de 1999.
No primeiro, a queda foi de 23% (de 47 para 36 mortes na comparação dos primeiros semestres). Na Brasilândia a redução (112 a 92 mortes) foi de 18%, e no Jardim Ângela, de 16% (130 a 109).
Se diminuíram entre os habitantes dos bairros mais estigmatizados da cidade, os assassinatos cresceram em outros distritos, que já registravam médias altas, mas não recebiam tanta atenção dos meios de comunicação e da polícia.
No Itaim Paulista, por exemplo, os homicídios aumentaram 76%. Foram 46 moradores assassinados nos primeiros seis meses de 1998. Até junho passado essa conta já chegava a 81.
Tendência semelhante pode ser verificada no Grajaú (aumento de 45%, de 88 para 128 mortes) e em Campo Limpo (43%, de 37 para 53 homicídios).
A política do cobertor curto -que, para melhorar as condições em uma área, descobre outra- não foi suficiente para mudar a tendência da violência paulistana.
A enorme maioria dos mortos ainda está entre os moradores das regiões mais periféricas e pobres -seja da Brasilândia ou do Grajaú.
Entre os moradores do Jardim Paulista, região nobre da cidade, só houve dois assassinados até junho deste ano, mesmo número do ano passado.


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