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EDUCAÇÃO
Ministro Paulo Renato Souza critica controle estatal e diz que hoje existe um mito em torno da universidade
Governo quer liberalizar ensino superior
FERNANDO ROSSETTI
ROGÉRIO SIMÕES
da Reportagem Local
O Ministério da Educação pretende liberalizar a criação de novos cursos universitários e a abertura de mais vagas na graduação
de instituições privadas.
"Uma instituição (de ensino superior) que não seja universidade
não tem liberdade nem para fechar
cursos. É um controle burocrático
que está restringindo o crescimento do setor", diz o ministro da
Educação, Paulo Renato Souza.
"Criou-se um mito com o nome
universidade no Brasil. As pessoas
pensam que, se não for uma universidade, não tem qualidade. Mas
o problema central é que o sistema
precisa se expandir com qualidade", afirma.
Na opinião do ministro, o controle dessa qualidade não deve
ocorrer necessariamente no momento do credenciamento de novos cursos ou vagas.
"Temos que resolver esse problema com avaliação", diz o ministro, que criou o provão e acaba
de baixar portaria obrigando as
instituições a divulgar anualmente
relatório com todos os seus dados
-do número de livros ao regime
de trabalho dos professores.
Para a UNE (União Nacional dos
Estudantes), a avaliação do governo federal não levará à adoção de
uma punição mais severa das instituições de baixa qualidade.
"Eu desafio o governo a fechar
qualquer universidade privada no
país", diz o presidente da entidade, Ricardo Cappelli, 25. Para ele,
o termo universidade "foi vulgarizado pela política educacional do
governo". "A universidade perdeu o valor", afirma.
LDB
Com a aprovação da nova LDB
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação), em novembro passado, a
liberdade para criar cursos e abrir
vagas deixou de ser exclusividade
das universidades.
Agora os chamados centros universitários -uma nova modalidade de instituição de ensino superior, caracterizada pela "excelência do ensino oferecido"- também têm esse direito.
Mas as faculdades e outros tipos
de instituições têm de passar por
uma intrincada burocracia para
conseguir abrir ou fechar vagas.
Essa restrição tem sido uma das
causas da "corrida" entre essas
instituições para se tornar universidade. Em dez anos, o número de
universidades no país aumentou
50% (hoje há 136); no setor privado, subiu 130%.
O pedido de demissão do filósofo
José Arthur Giannotti do CNE
(Conselho Nacional de Educação)
acentuou o debate sobre os rumos
do ensino superior brasileiro.
Presidente do Cebrap (Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento), Giannotti discordou da
decisão que, por seis votos a cinco,
deu o título de universidade para a
Faculdade Anhembi Morumbi
-instituição paulistana com
6.000 alunos.
Diante de recursos, o caso da
Anhembi Morumbi volta a ser discutido pelo conselho amanhã e
terça-feira.
Mas, além do caso específico
dessa instituição, estarão sendo
definidos os critérios para a transformação de uma faculdade em
universidade.
Se vai ser exigido que ela tenha
um setor de pesquisa forte, como
quer Giannotti, ou não, como defendem outros conselheiros.
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