São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000 |
|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPRENSA Juíza manda transferir Pimenta Neves de clínica para a cadeia; TJ nega liminar para pedido de habeas corpus Jornalista não tem distúrbios, diz laudo
DA REPORTAGEM LOCAL O laudo do Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo) apontou ontem que o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, 63, não sofre de distúrbios psíquicos. Com base nisso, a juíza da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, Eduarda Maria Romeiro Corrêa, já determinou que ele seja removido da clínica onde está internado para a cadeia. Pimenta Neves, ex-diretor de Redação do jornal ""O Estado de S. Paulo", confessou o assassinato de sua ex-namorada e também jornalista Sandra Florentino Gomide, 32, ocorrido no dia 20, em Ibiúna (68 km de São Paulo). Ontem, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ) negou liminar ao pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do jornalista, contra a prisão preventiva decretada contra ele pela juíza de Ibiúna. A decisão final sobre a soltura dele ainda será dada, em pelo menos 30 dias, pelo mesmo TJ. Nenhuma dessas decisões muda, por enquanto, a situação do jornalista pelo menos até a próxima segunda-feira, quando vence o prazo de dez dias de internação na clínica fixado pelo próprio TJ. O Ministério Público dará entrada hoje em pedido de reconsideração da liminar. ""A situação mudou totalmente com o laudo oficial", disse o promotor Carlos Cardoso, assessor da Procuradoria Geral de Justiça. Pimenta Neves conseguiu a liminar a partir do laudo do psiquiatra Marcos Pacheco de Toledo Ferraz, que o acompanhou após a tentativa de suicídio cometida dois dias após o crime. O jornalista havia sido internado no hospital Albert Einstein por ter ingerido 70 comprimidos de tranquilizantes. Segundo Toledo Ferraz, seu cliente continuava apresentando transtornos relacionados ao estresse, com tendência suicida. A nova avaliação, com médicos do Estado, foi determinada pela juíza de Ibiúna e realizada anteontem na Clínica de Repouso Parque Julieta, onde o jornalista está internado desde sexta. No laudo de oito páginas, os peritos do Imesc Luiz Carlos Pileggi Forte e Paulo Sérgio Calvo afirmam que Pimenta Neves não apresenta quadro suicida ou depressão patológica. "O transtorno emocional tendendo ao pólo depressivo está congruente a sua situação, porém não evidenciando ideação suicida ou depressão patológica, com resposta satisfatória ao tratamento ministrado, não sendo mais indicada a permanência, em regime de internação, estando apto a continuar, se necessário, o tratamento em regime ambulatorial mesmo nas dependências do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)", afirmam no relatório. A Folha tentou falar com Toledo Ferraz ontem, em seu escritório, mas ele não atendeu. Com o novo laudo, divulgado ontem à tarde, a juíza já determinou que o Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) indique uma cela para o jornalista. Ele deve ir para uma cela de oito metros quadrados do DHPP. "O relatório mostrou que estávamos certos ao afirmar que o jornalista não poderia ser internado com base em um laudo de um médico particular", afirmou Márcio Thomaz Bastos, advogado da família de Sandra. A juíza Eduarda Maria transferiu ontem o interrogatório de Pimenta Neves para o dia 13 de setembro. A audiência estava marcada para o próximo dia 5. O advogado do jornalista, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, alegou que "o processo vem se desenrolando em uma velocidade espantosa" e que a defesa não teve tempo de conhecer as provas -a denúncia por homicídio qualificado contra Pimenta Neves foi feita na última segunda-feira. Mariz de Oliveira também disse que seu cliente está tomando forte medicação, o que prejudicaria o interrogatório neste momento. Bastos e o advogado Luiz Flávio Gomes se reuniram ontem com a Promotoria e foram nomeados assistentes da acusação no caso. Texto Anterior: Morre aos 61 no Rio controlador da Citrosuco Próximo Texto: Defensor poderá pedir novo exame Índice |
|