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SS REFÉM
Curiosos se aglomeraram em bares e lanchonetes para acompanhar transmissão ao vivo do sequestro; assim como Patrícia Abravanel, população critica políticos e situação do país, e não os sequestradores
TV ligada atrai a atenção no centro
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
No centro de São Paulo, com os
televisores da maioria das lojas de
eletrodomésticos desligados por
conta do racionamento, os curiosos acompanhavam a transmissão ao vivo do sequestro do apresentador Silvio Santos pelas TVs
de bares e lanchonetes.
Na rua Barão de Itapetininga, ao
lado do Teatro Municipal, um
grupo de pessoas se concentrava
ao redor do aparelho instalado na
barraca do vendedor de antenas
Roberto Luiz Cirilo, que não vendeu nada porque seu propagandista, o locutor J. Ávila, 54, não
podia apregoar os produtos.
"Normalmente eu fico falando,
mas hoje não tem condições porque está todo mundo ligado no
sequestro", disse Ávila.
O locutor, como muitos que estavam por ali, assumiu o discurso
da filha do empresário Patrícia
Abravanel e preferiu criticar os
políticos e a situação do país, e
não os sequestradores.
"Tem que olhar para o problema social. Os políticos estão esquecendo o lado humanitário, só
pensam neles. O Brasil está descaminhando para uma Colômbia."
Os homens-sanduíches, em
grande parte aposentados que circulam pelo centro com cartazes
presos ao corpo trazendo ofertas
de emprego, também acompanhavam o caso. "O governo devia
tomar alguma providência", disse
Ernesto Mendes, 78. "Isso é muito
ruim, e logo com um homem tão
bom como o Sílvio."
O apresentador foi defendido
ainda pelo vendedor Alex Pires,
25. "Ele não tem culpa de ter dinheiro e a gente não ter", disse.
O vendedor disse não achar, porém, que seja o desemprego a causa. "Contribui, mas tem gente que
não tem emprego e vai catar latinha, vai se virar para sobreviver."
"Tem gente que é tão pobre e vive honestamente", concordou a
aposentada Wilma Costa, 60.
O barman José Luciê, 22, estava
vindo do trabalho e também parou para acompanhar o sequestro
pela TV. A opinião era a mesma:
"Acho que tem muita corrupção e
faltam oportunidades, porque o
povo brasileiro é trabalhador".
Entre os ouvidos, apenas a aposentada Maria de Jesus Soares, 70,
criticou os sequestradores. "Eles
são culpados, isso já vem do berço. Tem gente que nasce ruim,
não é o desemprego que torna a
pessoa bandido. Se fosse assim,
quantos não teriam virado?"
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