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EDUCAÇÃO
A Fundação Carlos Chagas recusou na semana passada convite do MEC para elaborar a prova do exame nacional
USP ameaça não participar do novo Provão
GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes mesmo de ser aplicado, o
novo sistema de avaliação de alunos do Ministério da Educação
sofreu dois grandes golpes. A
Fundação Carlos Chagas, que seria responsável por elaborar, aplicar e corrigir as provas de 7 dos 13
cursos avaliados, se recusou a
participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e a USP afirma que não
participará do processo neste ano.
Por meio de um ofício enviado
ao MEC na semana passada, a
fundação diz não poder aceitar a
participação no Enade por conta
da falta de detalhamento acerca
da metodologia a ser aplicada e
pedia mais informações sobre o
processo de amostragem por sorteio que o MEC pretende utilizar
no exame, que foi criado para
substituir o extinto Provão.
Como não obteve detalhamento
do processo, a Fundação Carlos
Chagas -que tem 40 anos de
existência e realizou mais de 20
milhões de concursos- recusou
um contrato de R$ 6 milhões.
O diretor-presidente da fundação, Rubens Murillo Marques,
confirmou o envio do ofício e a recusa de participação no Enade.
"Não tivemos segurança nos procedimentos utilizados pelo MEC
para o exame. Ficamos aguardando mais informações, que ainda
não vieram", afirmou.
A principal dúvida levantada
por técnicos da fundação é sobre a
metodologia da amostragem por
sorteio, escolhida pelo governo
federal para selecionar os alunos.
E foi justamente esse ponto que
suscitou uma rebelião das universidades estaduais paulistas contra
o exame que integra o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior).
A USP (Universidade de São
Paulo), a Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas) e a Unesp
(Universidade Estadual Paulista)
consideraram inconsistente o sistema de amostragem de alunos a
serem submetidos ao teste.
A USP confirmou ontem que
uma decisão polêmica de seu
Conselho de Graduação deliberou que, ao menos inicialmente, a
universidade não participará do
processo de avaliação do MEC. O
ministério não quis comentar o
caso.
O ministro da Educação, Tarso
Genro, e o presidente da Conaes
(Comissão Nacional de Avaliação
da Educação Superior), Hélgio
Trindade, farão hoje o anúncio do
início do processo de avaliação
institucional das universidades
públicas e privadas do país.
O processo engloba a auto-avaliação das instituições e uma avaliação externa -ambas previstas
na lei 10.861, aprovada pelo Congresso Nacional em 14 de abril.
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