São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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EDUCAÇÃO

A Fundação Carlos Chagas recusou na semana passada convite do MEC para elaborar a prova do exame nacional

USP ameaça não participar do novo Provão

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo de ser aplicado, o novo sistema de avaliação de alunos do Ministério da Educação sofreu dois grandes golpes. A Fundação Carlos Chagas, que seria responsável por elaborar, aplicar e corrigir as provas de 7 dos 13 cursos avaliados, se recusou a participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e a USP afirma que não participará do processo neste ano.
Por meio de um ofício enviado ao MEC na semana passada, a fundação diz não poder aceitar a participação no Enade por conta da falta de detalhamento acerca da metodologia a ser aplicada e pedia mais informações sobre o processo de amostragem por sorteio que o MEC pretende utilizar no exame, que foi criado para substituir o extinto Provão.
Como não obteve detalhamento do processo, a Fundação Carlos Chagas -que tem 40 anos de existência e realizou mais de 20 milhões de concursos- recusou um contrato de R$ 6 milhões.
O diretor-presidente da fundação, Rubens Murillo Marques, confirmou o envio do ofício e a recusa de participação no Enade. "Não tivemos segurança nos procedimentos utilizados pelo MEC para o exame. Ficamos aguardando mais informações, que ainda não vieram", afirmou.
A principal dúvida levantada por técnicos da fundação é sobre a metodologia da amostragem por sorteio, escolhida pelo governo federal para selecionar os alunos.
E foi justamente esse ponto que suscitou uma rebelião das universidades estaduais paulistas contra o exame que integra o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior).
A USP (Universidade de São Paulo), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista) consideraram inconsistente o sistema de amostragem de alunos a serem submetidos ao teste.
A USP confirmou ontem que uma decisão polêmica de seu Conselho de Graduação deliberou que, ao menos inicialmente, a universidade não participará do processo de avaliação do MEC. O ministério não quis comentar o caso.
O ministro da Educação, Tarso Genro, e o presidente da Conaes (Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior), Hélgio Trindade, farão hoje o anúncio do início do processo de avaliação institucional das universidades públicas e privadas do país.
O processo engloba a auto-avaliação das instituições e uma avaliação externa -ambas previstas na lei 10.861, aprovada pelo Congresso Nacional em 14 de abril.


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