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Força-tarefa propõe pacote de leis anti-PCC
Entre as propostas mais polêmicas está a que prevê encaminhar para o RDD os presos que forem pegos com celular
Objetivo do grupo que integra União, Estado, Justiça e Promotoria é agravar punições para integrantes
do crime organizado
KLEBER TOMAZ
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A força-tarefa criada no Estado de São Paulo após a série de
ataques do PCC, iniciada em
maio, vai propor medidas para
endurecer o combate ao crime
organizado, com maior rigor
dentro das prisões e mecanismos que tornariam mais eficaz
o acesso a contas bancárias e telefones utilizados pela facção.
As propostas foram discutidas pela força-tarefa, o Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública (GGI), que envolve autoridades do governo do
Estado e da União.
O GGI divulgou seis propostas após uma reunião de quatro
horas realizada ontem à tarde.
Cinco delas dependem de alterações na legislação para serem
aplicadas (veja quadro). A outra
é a realização de inspeções
mais constantes nas prisões.
O pacote prevê um endurecimento das penas para integrantes do crime organizado e pessoas que ataquem agentes públicos, como policiais. E também a redução das exigências
legais para a polícia ter acesso a
contas bancárias e números de
telefone usados pelo crime.
A proposta mais polêmica é
enviar ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), o sistema
mais rígido de prisões no Estado, o preso que for pego com celulares dentro da prisão. Hoje,
ter celular não é considerado
nem falta grave pela Justiça.
No sistema, o sentenciado fica na cela 22 horas por dia, sem
direito a TV, rádio nem jornais.
""Houve um consenso da necessidade urgente e premente
de mudanças de natureza legal
para que a polícia possa agir de
forma consistente", afirmou o
secretário-adjunto da Segurança Pública, Marcelo Martins de
Oliveira. O titular da pasta, Saulo de Castro Abreu Filho, não
participou da reunião.
Segundo Oliveira, esse consenso partiu de órgãos como a
própria secretaria, o Exército, a
Polícia Federal, o Ministério da
Justiça e o Banco Central, todos representados na reunião
realizada ontem.
O objetivo das mudanças,
ainda de acordo com Oliveira, é
dotar as polícias de ferramentas que permitam dar respostas
rápidas às ações do crime.
Como exemplo, ele citou a
demora em obter a autorização
judicial para quebrar o sigilo de
números de telefone e de contas bancárias de suspeitos de
crimes. ""Hoje pedimos ao juiz,
que antes ouve o Ministério
Público, uma quebra de sigilo.
Faremos essas propostas [de
mudanças], mas sem ferir os direitos do cidadão", afirmou.
O grupo não antecipou, porém, quando as propostas deverão ser encaminhadas ao Congresso Nacional.
O superintendente da Polícia
Federal em São Paulo, Geraldo
José de Araújo, defendeu que é
necessário aumentar a pena
para quem for condenado por
formação de bando ou quadrilha. ""Hoje, a pena é irrisória, é
pífia", disse o delegado.
A legislação em vigor prevê
pena de prisão de cinco a dez
anos aos condenados por formação de bando ou quadrilha
armada, como age o PCC.
Há também a preocupação
de intimidar os criminosos a
não atacar agentes do Estado.
Durante a primeira série de
ataques do PCC, em maio, os alvos foram policiais e agentes
penitenciários. O governo atribuiu à facção 47 dessas mortes.
Além das discussões do GGI,
o governo federal estuda alterar a legislação das telecomunicações para facilitar o bloqueio
de sinais de celulares. As reuniões vêm ocorrendo há cerca
de três meses entre a Casa Civil, os ministérios da Justiça e
das Comunicações e as operadoras de telefonia celular.
No próximo dia 13, o GGI se
reunirá no Comando Militar do
Sudeste. A Secretaria da Segurança de São Paulo, que havia
se comprometido a entregar
ontem uma relação das empresas suspeitas de lavar dinheiro
para a facção criminosa, pediu
mais prazo à União.
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