São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Presidente da Anac renuncia em setembro

Saída de Milton Zuanazzi foi acertada com o governo; além dele, cairão mais dois diretores até o final do próximo mês

Ele foi convencido a deixar o cargo com o argumento de que sua gestão na agência ficou marcada pelo acidente com o avião da TAM

ANDREZA MATAIS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, e os outros dois diretores da agência decidiram renunciar aos cargos até o final de setembro em decisão acertada com o governo, segundo a Folha apurou.
O próximo a sair será Josef Barat, que deve deixar o cargo até 7 de setembro. Até lá o ministro Nelson Jobim (Defesa) irá indicar os substitutos de Denise Abreu e Jorge Velozo, os primeiros a renunciar. O Senado precisa aprovar os nomes.
A agência só pode deliberar com, no mínimo, três dos seus cinco diretores. Se Barat saísse antes das indicações, inviabilizaria os trabalhos no órgão. Os outros dois -Zuanazzi e Leur Lomanto- sairão entre os dias 20 e 25 de setembro.
Ontem, em reunião ministerial na Granja do Torto, Jobim falou sobre a crise aérea e defendeu a necessidade de uma reestruturação na Anac, com troca de seu comando.
O ministro da Defesa relacionou como um dos erros da agência ter resistido à reestruturação da malha aérea, uma decisão que, disse, beneficiou as empresas aéreas e prejudicou os usuários de avião.
Para reformular a agência, Jobim insistiu na troca inclusive do presidente da Anac, que contava com o apoio dentro do Palácio do Planalto dos ministros Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil).
A Folha apurou que Zuanazzi foi convencido a entregar o cargo com o argumento de que a agência, na sua gestão, ficou marcada pelo acidente com o avião da TAM. Ele se expôs ao participar pelo menos seis vezes de depoimentos nas CPIs que apuram a crise aérea -chegou a ser responsabilizado pelo acidente. A avaliação foi que qualquer mudança seria inócua se ele não saísse.
Zuanazzi deve ser aproveitado em outro cargo no governo tão logo a crise esfrie. O governo avalia que seu principal erro foi partir para o confronto com os parlamentares e com o ministro Nelson Jobim.
Já Leur Lomanto sairia com o discurso de que sua permanência poderia prejudicar Jobim, uma vez que os dois são do PMDB e o ministro poderia ser acusado de estar beneficiando o seu partido. Nos bastidores, já está acordado que ele será encaixado em outro setor do governo. A Folha apurou que o PMDB não quer preencher a vaga de Lomanto, por considerar um cargo espinhoso.
A saída encontrada agrada ao PMDB baiano, que vinha trabalhando para preservar a imagem de Lomanto. Com a morte do senador Antonio Carlos Magalhães, o PMDB tenta ganhar o espaço ocupado pelos carlistas na Bahia e conta com o nome de Lomanto -ex-deputado federal e com forte influência política no Estado- para isso.
O acordo foi costurado nos últimos dias com caciques do PMDB e Jobim, que terá carta branca para indicar os substitutos na Anac.

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