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Presidente da Anac renuncia em setembro
Saída de Milton Zuanazzi foi acertada com o governo; além dele, cairão mais dois diretores até o final do próximo mês
Ele foi convencido a deixar o cargo com o argumento de que sua gestão na agência ficou marcada pelo acidente com o avião da TAM
ANDREZA MATAIS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
Milton Zuanazzi, e os outros
dois diretores da agência decidiram renunciar aos cargos até
o final de setembro em decisão
acertada com o governo, segundo a Folha apurou.
O próximo a sair será Josef
Barat, que deve deixar o cargo
até 7 de setembro. Até lá o ministro Nelson Jobim (Defesa)
irá indicar os substitutos de
Denise Abreu e Jorge Velozo,
os primeiros a renunciar. O Senado precisa aprovar os nomes.
A agência só pode deliberar
com, no mínimo, três dos seus
cinco diretores. Se Barat saísse
antes das indicações, inviabilizaria os trabalhos no órgão. Os
outros dois -Zuanazzi e Leur
Lomanto- sairão entre os dias
20 e 25 de setembro.
Ontem, em reunião ministerial na Granja do Torto, Jobim
falou sobre a crise aérea e defendeu a necessidade de uma
reestruturação na Anac, com
troca de seu comando.
O ministro da Defesa relacionou como um dos erros da
agência ter resistido à reestruturação da malha aérea, uma
decisão que, disse, beneficiou
as empresas aéreas e prejudicou os usuários de avião.
Para reformular a agência,
Jobim insistiu na troca inclusive do presidente da Anac, que
contava com o apoio dentro do
Palácio do Planalto dos ministros Walfrido dos Mares Guia
(Relações Institucionais) e Dilma Rousseff (Casa Civil).
A Folha apurou que Zuanazzi foi convencido a entregar o
cargo com o argumento de que
a agência, na sua gestão, ficou
marcada pelo acidente com o
avião da TAM. Ele se expôs ao
participar pelo menos seis vezes de depoimentos nas CPIs
que apuram a crise aérea -chegou a ser responsabilizado pelo
acidente. A avaliação foi que
qualquer mudança seria inócua
se ele não saísse.
Zuanazzi deve ser aproveitado em outro cargo no governo
tão logo a crise esfrie. O governo avalia que seu principal erro
foi partir para o confronto com
os parlamentares e com o ministro Nelson Jobim.
Já Leur Lomanto sairia com
o discurso de que sua permanência poderia prejudicar Jobim, uma vez que os dois são do
PMDB e o ministro poderia ser
acusado de estar beneficiando
o seu partido. Nos bastidores,
já está acordado que ele será
encaixado em outro setor do
governo. A Folha apurou que o
PMDB não quer preencher a
vaga de Lomanto, por considerar um cargo espinhoso.
A saída encontrada agrada ao
PMDB baiano, que vinha trabalhando para preservar a imagem de Lomanto. Com a morte
do senador Antonio Carlos Magalhães, o PMDB tenta ganhar
o espaço ocupado pelos carlistas na Bahia e conta com o nome de Lomanto -ex-deputado
federal e com forte influência
política no Estado- para isso.
O acordo foi costurado nos
últimos dias com caciques do
PMDB e Jobim, que terá carta
branca para indicar os substitutos na Anac.
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