São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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Preso morre em rebelião de 12 h no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Um preso morreu e sete ficaram feridos depois de 12 horas de rebelião na 14ª DP (Delegacia Policial), no Leblon (zona sul do Rio). A rebelião começou na noite de domingo e só terminou ontem de manhã, depois de um acordo que permitiu a transferência de 52 presos para uma penitenciária.
Não houve fuga nem invasão da delegacia. Às 8h30, os presos concordaram em soltar o chefe da carceragem, José Wellington Menezes Paes, mantido como refém. Logo depois começou a transferência dos condenados para o presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte).
A 14ª DP estava superlotada, com 393 presos nas celas. Só tem capacidade, de acordo com o delegado Rogério Marchesini, para 160 pessoas, "com boa vontade". "Temos o equivalente a oito presídios de Bangu 1", afirmou, referindo-se a uma das penitenciárias de segurança máxima do Rio, que tem 48 detentos.
Localizada num bairro nobre da zona sul do Rio, a 14ª DP concentra desde presos por porte de arma que aguardam julgamento, passando por acusados de sequestro e homicídio.
A rebelião começou às 20h30 de domingo, quando os presos pediram socorro alegando que um dos detentos passava mal. O carcereiro Adilson Rodrigues entrou na cela 8 e foi cercado. Sua conduta foi criticada pelo secretário da Segurança do Estado, Josias Quintal (veja texto nesta página).
O alarme soou, e reforços foram chamados. Cinquenta policiais civis e militares cercaram o prédio. Sem condições de fuga, os presos mantiveram Rodrigues como refém e reivindicaram a transferência dos condenados. À 0h, trocaram Rodrigues por Menezes, chefe da carceragem.
Enquanto a negociação se desenrolava, de madrugada, houve tumulto nas celas entre integrantes de facções rivais do tráfico. Um preso, Rogério Guimarães Nascimento, o Rogerinho, 18, foi morto. Outros sete ficaram feridos. As celas tiveram as portas arrancadas e a fiação destruída.
O carcereiro Rodrigues disse que agiu certo ao entrar na cela para socorrer um preso que, supostamente, passava mal. "Eu não poderia entrar armado, quem faz isso morre. Se o carcereiro não entra para ajudar um doente, aí há rebelião", afirmou.
O delegado Marchesini informou que, quando a rebelião começou, seis policiais civis estavam de plantão. "É o normal, embora não seja suficiente. A tensão é permanente", afirmou.


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