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PERSONAGEM
Escola de luteria abriga 60 crianças
"Luthier" fabrica
violão certificado
do enviado especial a Manaus
Pergunte a Rubens Gomes de
onde ele é e a resposta será tão
ampla quanto imprecisa: do
Amapá, de Manaus, da floresta.
Um amazônida, como diz o músico e improvável "luthier" (artesão que fabrica instrumentos de
corda) de 40 anos, nascido mesmo em Serra do Navio (AP).
Cada violão Manaós consome
3 a 4 meses e sai por R$ 6 mil. Gomes só trabalha com madeiras
da Amazônia, mais de 20 espécies, certificadas. Confecciona
também cavaquinhos, violas e o
"cuatro venezuelano" (que tem,
claro, quatro cordas).
No tampo o "luthier" usa marupá, madeira branca e leve, que
substitui o pinho. Para o braço,
busca um substituto do cedro
(leve e estável), pois só consegue
obtê-lo certificado na Bolívia. Na
escala, o raro ébano cede lugar
para preciosa, coração-de-negro
ou gumbeira, escuras e densas.
Fundo e lateral saem do pau-rainha, sucessor do jacarandá-da-bahia, em extinção. Nos motivos da boca e da voluta (ou cabeça), Gomes se inspira na cúpula e nos mosaicos do Teatro
Amazonas.
Há um ano Gomes não vende
um violão. Dedica todo seu tempo à Oficina Escola de Luteria da
Amazônia, que criou em Manaus em janeiro de 1998. São 60
crianças e jovens carentes, de 9 a
21 anos, que recebem bolsas de
R$ 75 para aprender a profissão.
Os violões que fabricam são
vendidos a R$ 800 mas Gomes
diz que a escola privilegia conhecimento e não produção. Cada
uma das seis partes do instrumento de corda é aprendida em
três meses e o curso, portanto,
dura 18.
Logo depois de aberta, a escola
foi "adotada" pela certificadora
de madeira Imaflora, que segundo Gomes "viu de longe que a luteria era o canal".
(ML)
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