São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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MEMÓRIA
Ela foi fundadora do Museu do Inconsciente
Morre a psiquiatra Nise da Silveira, 94

da Sucursal do Rio

do Banco de Dados

Morreu ontem a psiquiatra Nise da Silveira, 94, vítima de insuficiência respiratória aguda, depois de ter sido hospitalizada há cerca de um mês com pneumonia.
Nise estava na CTI do Hospital Miguel Couto, na Gávea. A morte ocorreu às 14h55 e seu corpo será velado hoje no cemitério São João Batista, em Botafogo. O enterro está marcado para as 15h.
Nise foi idealizadora, entre os anos 40 e 50, de uma terapia alternativa para pacientes com distúrbios mentais. Ela propôs arte em vez de choque elétrico, e o resultado da ousadia para a época teve repercussão internacional.
Em 1946, criou a seção de terapêutica ocupacional do Centro Psiquiátrico D. Pedro 2º, no Rio. Passou a tratar os esquizofrênicos com sessões de pintura. Ela dirigiu esse setor do Centro Psiquiátrico por quase 30 anos, até 1974.
Em 1952, fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, destinado a guardar e expor as obras resultantes de sua experimentação médica -pinturas e esculturas criadas por esquizofrênicos.
Em 1956, fundou a Casa das Palmeiras, clínica destinada ao tratamento em regime aberto de pacientes antes internados em hospitais psiquiátricos.
Nise nasceu em Maceió (AL) em 1905, filha de um professor e de uma pianista. Formou-se em medicina em 1926, na Bahia. Dizia que abominava o tratamento tradicional aos pacientes psiquiátricos, como eletrochoques, aplicação de insulina e lobotomia. "Eram práticas que associei à tortura policial", declarou.
Era seguidora do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), introdutor da noção de inconsciente coletivo. Nise conheceu pessoalmente Jung em 1957.
Além da psiquiatria e da filosofia, outra paixão de Nise eram os animais em geral e os gatos em particular. Ela teve muitos e já dedicou até um livro a um deles.


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