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2 TRÂNSITO
Acidentes caem com calçadas melhores
DA REPORTAGEM LOCAL
Ruas, avenidas e túneis tornaram-se o lugar comum de qualquer proposta para o trânsito de
São Paulo. Laurindo Junqueira,
um físico com pós-graduação em
engenharia pela USP, prefere
olhar um pouco mais para o lado
das ruas para tentar equacionar o
problema: defende que é preciso
recuperar as calçadas.
Um levantamento feito pelo
Metrô em 2002 dá razões estatísticas para a sua proposta. Os pedestres formam o maior grupo: 38%
dos deslocamentos de mais de 500
metros em São Paulo são feitos a
pé. O transporte coletivo responde por 30% dos deslocamentos e
os carros, por 32%.
"Calçada é simples de construir,
não custa caro e tem um impacto
rápido", diz Junqueira, que atuou
na área de transportes.
O descaso com as calçadas pode
ser aferido no Hospital das Clínicas: 19% dos acidentados no trânsito tratados ali são pedestres que
caíram em calçadas, segundo a fisiatra Júlia Greve.
Para o urbanista João Valente, o
descuido leva o morador a romper os laços que tinha com a cidade. "Estamos vivendo uma crise
de civilidade. A calçada deixou de
ser patrimônio público."
Para recuperar as calçadas, Junqueira defende uma mudança na
legislação. A tarefa de construir,
padronizar e fiscalizar as calçadas
deveria passar para a prefeitura.
Os camelôs que ocupam os calçadões deveriam trabalhar nos
terminais de ônibus, em espaços
padronizados, segundo ele. Junqueira conta que era contra o comércio no Metrô, mas mudou de
idéia após o sucesso do shopping
na estação Tatuapé.
Para o especialista, o investimento em calçadas tem de ser
acompanhado de medidas para
melhorar o transporte público e
desestimular o uso do carro.
São Paulo poderia mirar-se no
exemplo de Tóquio, que, em 1973,
começou a adotar medidas contra
quem tem mais de um carro -o
morador tem de provar que tem
garagens para guardá-los.
A ineficiência dos carros está
provada, para ele: a velocidade
com que andam em São Paulo
(cerca de 20 km/h) é similar à das
carruagens do século 19.
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