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Aluna hostilizada na Uniban diz que professores participaram
Estudante perseguida por usar vestido curto afirma ter "parcela de culpa" no episódio
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Hostilizada por colegas da
Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) por causa
de um vestido curto, a estudante de turismo Geyse Arruda, 20,
afirmou ontem na TV que professores e funcionários também participaram do tumulto.
"Os seguranças da faculdade,
no começo, estavam rindo",
disse. "Como um aluno vai ter
atitude decente se os próprios
professores e funcionários
apoiam [as hostilidades]?"
Geyse deu entrevista de cerca de duas horas ao programa
"Geraldo Brasil", da Record, no
dia em que deveria depor na
sindicância interna aberta para
apurar o caso. A universidade
não se manifestou ontem.
No programa, Geyse chorou
e relatou sua versão da noite
em que teve de sair escoltada
por PMs para se proteger de
cerca de 700 alunos "descontrolados". Ao fim da atração,
trocou a blusa preta de manga
comprida e o jeans que usava
pelo vestido rosa-choque que
causou a confusão. Antes, recusou três vezes o pedido do apresentador Geraldo Luís.
A jovem também assumiu
parte da culpa pelo tumulto.
"Posso ter errado por ter ido
com o vestido. Mas o ato de
vandalismo que fizeram comigo não se faz com ninguém."
Ela disse que volta ao curso
na terça-feira, "não para afrontar ou causar polêmica".
Quando o apresentador perguntou por que Geyse só usava
esse tipo de roupa, ela respondeu: "Acho que um vestido em
uma mulher é extremamente
feminino. Minha roupa só diz
respeito a mim, respeito todo
mundo e quero ser respeitada".
Ela foi comparada pelo apresentador a Maria Madalena.
Rafael Bruno, 22, do curso de
administração da Uniban, fez
analogia similar. "Parecia uma
igreja evangélica cheia de fanáticos. A hipocrisia era igual."
Alunos do mesmo campus
onde Geyse estuda concordam
que a universidade não soube
controlar o tumulto.
Renato Di Giacomo, 23, estudante de logística, diz que a jovem deveria ter sido barrada na
entrada por estar usando "trajes inapropriados".
Thaiza Andreone, 22, do curso de administração, comenta
que faltou pulso firme. "Foi
uma reação em cadeia provocada pelos próprios alunos. Toda
hora chegava alguém na minha
sala para falar da saia da menina. Imagine o que vão pensar
desta universidade, onde os
alunos tomam conta desse jeito? Parece colégio..."
Thaiza diz que Geyse não é a
única a usar roupas "ousadas"
na faculdade. "Sempre tem
umas meninas de top. Eu mesma uso minissaia e vestido curto, então isso tudo é uma tremenda hipocrisia."
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