São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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JOSEFA LIRA DA GAMA (1919-2011)

Pioneira do candomblé em SP

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Havia um preconceito muito forte contra o candomblé em São Paulo quando Josefa Lira da Gama, a Mãe Zefinha de Oxum, chegou à capital paulista, na década de 50.
Nascida em Maceió, nas Alagoas, ela se iniciou no Sítio de Pai Adão, um dos terreiros mais antigos de Recife (PE), como filha de santo de Mãe das Dores e Pai Romão.
Em busca de uma vida melhor, veio com o marido, o pintor de carros Cícero, a SP.
Não praticou o candomblé logo de cara. Na época, havia campo apenas para a umbanda, mais conhecida pela classe média e de maior aceitação no Sudeste por se aproximar do espiritismo kardecista e não ter sacrifícios de animais nem som de atabaques. Josefa abriu, então, um terreiro de umbanda. À medida que o candomblé (que só cultua entidades de origem africana) foi ficando mais conhecido, graças à difusão que a música popular fez da religião, voltou às suas origens.
Seu terreiro fica no Jardim Campo de Fora, em Santo Amaro, zona sul da capital. O professor de antropologia da USP Vagner Gonçalves da Silva, que a conhecia desde 1986, quando iniciou pesquisas sobre os terreiros da cidade, conta que Mãe Zefinha foi uma das primeiras a trazer o xangô de Pernambuco (correspondente do candomblé da Bahia) à capital.
Segundo o professor, ela era uma mulher sorridente, receptiva e muito amável. Geralda, filha de santo, diz que Josefa entrou em depressão após a morte dos irmãos.
Morreu na madrugada do domingo, aos 92, de falência de órgãos. Teve uma filha biológica e mais de cem filhos de santo, como conta Geralda.

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