São Paulo, quinta, 31 de dezembro de 1998

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EDUCAÇÃO
Reitores dizem que instituições poderão ficar sem água e luz; ministério alega que corte foi minimizado
MEC deixa de repassar R$ 30 mi às federais

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

As 52 instituições federais de ensino superior não receberão cerca de R$ 30 milhões referentes à última parcela deste ano do orçamento para manutenção.
Com isso, segundo a Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), há "risco efetivo" de as instituições ficarem sem luz, água e telefone agora em janeiro, quando ainda há aulas.
O comunicado de que não haveria dinheiro para pagar a última parcela foi feito oficialmente ontem pelo MEC à Andifes.
"A situação é gravíssima. As universidades já tinham uma dívida de R$ 40 milhões com os fornecedores do ano passado. Agora, ficaremos ainda sem R$ 30 milhões, o que afetará pagamento de serviços de limpeza, vigilância, água, luz, telefone", disse José Ivonildo do Rego, presidente da entidade.
De acordo com Rego, agrava a situação o fato de as instituições terem de funcionar normalmente nos meses de janeiro e fevereiro, por causa da greve de professores no primeiro semestre deste ano.
"As universidades têm que ter aulas e laboratórios funcionando nos próximos dois meses. Várias instituições não terão dinheiro para pagar vigilantes e faxineiros nem terão como renegociar dívidas de luz e telefone, o que era mais fácil fazer quando esses fornecedores eram estatais", afirmou Rego.
O orçamento total de custeio e manutenção das instituições federais de ensino superior para este ano era de R$ 363 milhões. Elas receberam cerca de R$ 333 milhões.
"Procuramos preservar ao máximo as universidades federais. O corte delas foi menor do que o corte médio no MEC e menor do que o corte médio nos outros ministérios", disse Luciano Oliva Patricio, secretário-executivo do MEC.
Segundo ele, o corte total no ministério foi de cerca de R$ 600 milhões.
"Em outubro, as universidades dispunham apenas de 43% de seu orçamento de custeio. Fizemos o máximo nas negociações com a área econômica para reduzir os cortes. No final, as federais obtiveram quase 92% de seu orçamento, o que é bastante para quem tinha expectativa de só ter 43%", afirmou Patricio.
Ontem, o presidente da Andifes tinha a expectativa de inverter o corte hoje, mas o secretário-executivo do MEC descartou essa possibilidade.
De acordo com Patricio, o orçamento de custeio previsto para as universidades no ano que vem "é muito mais preocupante do que esse corte de R$ 30 milhões".
Para 99, as universidades têm um orçamento previsto para manutenção de R$ 280 milhões. O texto ainda precisa ser votado no Congresso.



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