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Capitais do medo

A mais violenta, Maceió tem 'áreas proibidas'

Cidade lidera o ranking de assassinatos entre as capitais brasileiras; 230 homens da Força Nacional ocupam favelas

Taxa de homicídios é de 110,1 por 100 mil habitantes, quatro vezes a taxa nacional, de 27,4 por 100 mil

REYNALDO TUROLLO JR. ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

Maceió (AL) lidera com folga o ranking de homicídios nas capitais do país, num Estado com efetivo policial defasado, IML (Instituto Médico Legal) improvisado em galpão e falta de vagas em presídios.

Em Alagoas, somente no ano passado delegados passaram a ir às cenas do crime para colher dados. Antes, iam apenas os peritos, e o resultado está nas estatísticas: de 2005 a 2008, apenas 7,5% dos assassinatos foram apurados.

Essa sensação de impunidade é um reflexo da falta de estrutura. Hoje, presos que ganham direito ao regime semiaberto (trabalham fora e dormem na cadeia) vão direto para casa, pois não há presídios para esse sistema.

Diante disso, Maceió tem "áreas vetadas" para a circulação. A reportagem tentou ir ao Vergel do Lago, uma das mais perigosas, mas o taxista se recusou a dirigir até lá. "É uma área proibida", informou.

Nos últimos dez anos, a cidade assistiu a uma explosão no número de homicídios. No período, a taxa de homicídios em Maceió subiu 144%, enquanto o conjunto das capitais teve queda média de 18%.

De oitava capital mais violenta do país em 2000, Maceió passou ao topo do ranking dez anos depois. A taxa de homicídios é de 110,1 por 100 mil habitantes -quatro vezes a taxa nacional, de 27,4.

No período, os dois principais grupos políticos de Alagoas passaram pelo poder -os rivais Ronaldo Lessa (PDT), ex-governador, e Teotônio Vilela (PSDB), que cumpre seu segundo mandato.

Agora, Alagoas conta com ajuda federal. Num passado recente, armas apreendidas não eram monitoradas. Saíam das salas oficiais da perícia e realimentavam o ciclo do crime, afirma a secretária nacional de Segurança, Regina Miki.

"O foco do Estado não era combater homicídios. Nosso ambiente é propício para matar", resume Dário Cesar Cavalcante, secretário de Segurança Pública do Estado.

Coronel reformado da Polícia Militar, Cavalcante foi segurança do ex-presidente Fernando Collor.

ESTOPIM

A morte de um médico no ano passado durante um assalto foi o estopim para o pedido de ajuda federal.

Dois dias após o assassinato, em maio, uma multidão saiu às ruas pedindo paz em Alagoas. O Estado recorreu ao Ministério da Justiça.

Um mês depois foi lançado o Brasil Mais Seguro, com o objetivo de conter os homicídios.

Por enquanto, a parceria com o Planalto tem como face mais visível a ocupação de favelas pela Força Nacional, com 230 policiais para ajudar.

"Outras formas de ações sociais [para combater a violência], que só o Estado pode fazer, não estão acontecendo", diz a socióloga Ruth Vasconcelos, da Universidade Federal de Alagoas.


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