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Após acordo, MAC vai para o Detran no mês que vem

Com atraso de três anos, museu será aberto em espaço reformado

Para sanar impasse com a USP, governo vai doar prédio à universidade, que terá de arcar com os custos de operação

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Um acordo entre a Universidade de São Paulo e a Secretaria de Estado da Cultura pôs fim ao impasse que vinha atrasando a mudança do Museu de Arte Contemporânea da USP para o antigo prédio do Detran, no Ibirapuera.

A previsão é que o novo MAC, com acervo de 9.000 obras e uma das coleções de arte moderna mais valiosas da América do Sul, seja inaugurado com uma mostra de esculturas em 21 de janeiro.

Depois de atraso nas obras e divergências entre USP e governo sobre quem pagaria as contas do museu no novo endereço, ficou decidido que o imóvel, reformado pela Secretaria de Estado da Cultura em obra de R$ 76 milhões, será doado à universidade.

Com isso, a USP abriu mão da exigência de que a Secretaria de Estado da Cultura bancasse, com R$ 18 milhões por ano, os custos de operação do museu e passa a arcar com todas as despesas.

"Foi um bom acordo", diz Andrea Matarazzo, secretário estadual da Cultura. Segundo ele, a doação foi exigência do reitor da USP, João Grandino Rodas -a negociação foi mediada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

"Não foi uma exigência, foi uma conversa", disse Rodas. "Se a universidade recebe o imóvel e é dela o acervo, é natural que faça a manutenção. No fundo, é tudo dinheiro público, não faz diferença se é de um ou se é de outro."

Rodas também vinha se recusando a assinar a transferência por se opor à construção de um clube esportivo com um complexo comercial no terreno vizinho, que pertence ao centro acadêmico da Faculdade de Direito da USP.

A universidade também reconsiderou os custos de operação do museu. Se antes falava em R$ 18 milhões por ano, enquanto a Secretaria de Estado da Cultura cogitava cerca de R$ 10 milhões, Grandino Rodas já admite que o orçamento anual deve ficar entre esses dois valores.

Num espaço dez vezes maior que a sede atual, o MAC também terá o quadro de funcionários ampliado e deverá lidar com desafios na área de segurança e limpeza.

TECO-TECO E BOEING

"Mudamos de um teco-teco para um Boeing", diz Grandino Rodas. "Tudo isso está sendo encaminhado."

Embora a inauguração esteja prevista para janeiro, as obras da coleção do MAC só deverão ser exibidas em caráter permanente a partir de meados de 2012.

"Vai ser uma mudança paulatina", diz Tadeu Chiarelli, diretor do MAC. "Não vai ter todo o acervo lá." Num primeiro momento, a mostra inaugural ocupará apenas o térreo do MAC.

Toda a reserva técnica do museu, hoje mantida na Cidade Universitária, também será transferida para dois galpões construídos atrás do novo MAC no Ibirapuera.

A entrega desses espaços, além do prédio principal adaptado para receber o museu, está prevista para os primeiros dias de janeiro. Será o fim de um longo processo, que tinha como meta inicial inaugurar o MAC nesse endereço em junho de 2009.

Logo no começo da tentativa de mudança, o projeto de reforma de Oscar Niemeyer, autor do prédio original, foi barrado pelo Conpresp, órgão de defesa do patrimônio histórico e artístico municipal.

Niemeyer havia proposto mudar a fachada, tapando as janelas e ampliando o pé-direito dos andares, que seriam duplicados para abrigar obras de grande dimensão.

Como o prédio, de 1951, é tombado, nem o autor poderia fazer uma intervenção tão radical -e cara, orçada em R$ 120 milhões.

Após o veto, a Secretaria de Estado da Cultura adotou um plano mais barato, com intervenções na circulação, atualização de normas de segurança e a limpeza da planta dos andares, que ficaram livres de divisórias internas.

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