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Expansão de shoppings se volta para os Jardins

Quatro novos empreendimentos serão abertos perto da Paulista até 2014

Para especialistas, congestionamentos devem crescer e o tradicional comércio de rua está ameaçado

Adriano Vizoni/Folhapress
Esquina da Paulista com a r. Pamplona, que terá shopping
Esquina da Paulista com a r. Pamplona, que terá shopping

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

A mistura bem dosada de prédios de apartamentos, lojas e restaurantes nas imediações da avenida Paulista, um reduto de pedestres, vai ganhar quatro novos shoppings nos próximos três anos.

A explosão desses empreendimentos na região já divide especialistas. Congestionamentos maiores e ameaça ao tradicional comércio de rua e à qualidade do espaço público são preocupações.

O primeiro shopping chegou há 22 anos: o Pátio Paulista, próximo ao metrô Brigadeiro. Hoje, guardas de trânsito particulares tentam dar conta de aliviar as filas de carros que se formam em sua porta e próximo a ele.

Até 2014 estará pronta a Torre Matarazzo, com seus cinco pavimentos de shopping, torres de escritórios e 1.600 vagas de garagem, no coração da avenida, na esquina com a rua Pamplona.

Até lá também deve estar pronto, a uma quadra dali, o complexo de hotéis de luxo, cinemas, teatro e lojas a ser construído no antigo hospital Umberto Primo, um quarteirão abaixo da Paulista. Especula-se que terá 2.000 vagas de garagem.

A duas quadras da Oscar Freire -recém remodelada para ficar mais amigável ao pedestre- outro shopping, menor, com 60 lojas e 200 vagas de garagem, integrado ao hotel Fasano. Na própria Oscar Freire, "um grande complexo de uso misto", que a Reud-Brazil, que toca o projeto, ainda não divulgou.

Thiago Guimarães, planejador urbano com foco em trânsito, acha que não faz sentido a prefeitura aprovar mais shoppings na área.

"Está concentrando mais a atividade econômica em um lugar que já tem muito emprego", afirma Guimarães.

Para o especialista, shoppings são uma oportunidade para levar empregos a áreas mais periféricas e evitar que trabalhadores tenham de cruzar a cidade todos os dias, o que diminui qualidade de vida e gera mais trânsito.

Para Fernando Serapião, arquiteto e editor da revista "Monolito", não dá para congelar a cidade. "Há um curso natural da história", diz ele. "Talvez os shoppings façam muito bem para a região e evitem sua decadência comercial, como aconteceu com o centro 30 anos atrás."

Por outro lado, o arquiteto acredita que deveria haver incentivos para lojas de rua, que melhoram a qualidade do espaço público.

Para o urbanista Renato Cymbalista, "se tem um lugar que pode receber shopping é a região da Paulista, bem servida de transporte público".

Já Álvaro Puntoni, professor da FAU-USP e da Escola da Cidade, não faz concessões. "O shopping é anticidade. Ele sempre vai tirar as pessoas da rua. E isso é o pior de São Paulo: suas ruas mortas."

Tem mais: "O shopping é um simulacro da cidade. Lembra que antigamente colocavam postes de luz nos corredores? Mas no shopping não entra mendigo, não entra vira-lata, e, se não quiserem, não entra travesti".

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