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João Pereira dos Santos (1917-2011)

João Pequeno, mestre da capoeira

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Em Mata de São João (BA), João Pereira dos Santos ganhou o apelido de João Carvão devido à atividade que exercia: a de carvoeiro. Lá, também trabalhou como chamador de boi e agricultor.

Já em Salvador, para onde se mudou aos 25 anos, ganhou outra alcunha, que não tinha nada a ver com suas atividades de cobrador de bonde e de servente de pedreiro.

No grupo de capoeira de mestre Pastinha, que passou a frequentar, existiam dois Joões. Um ficou sendo o João Grande; ele, o João Pequeno.

Filho de uma ceramista e de um vaqueiro, nasceu em Araci (BA), de onde saiu em 1934 fugindo da seca.

O primeiro contato com a capoeira foi ainda no interior, aos 15. Mas só foi se aprimorar mesmo na capital. Por causa do estilo "rasteiro", era descrito como "cobra mansa". Já o xará, João Grande, era chamado de "gavião".

Em 1982, abriu no forte de Santo Antônio Além do Carmo um centro de capoeira angola em memória de Pastinha, morto um ano antes.

O capoeirista nunca parou de se dedicar ao centro esportivo, conta a neta Cristiane (ou professora Nani de João Pequeno). Mas como morava na periferia e não tinha carro, criou também um projeto em casa, para ensinar as crianças da comunidade.

Alegre, segundo a família, no fim das rodas perguntava: "Não vai ter samba não?". Frequentador da igreja Universal, não bebia, não fumava e não gostava de televisão.

Tinha doença de Chagas. Ultimamente, sofria de problemas intestinais. Morreu na sexta (9), aos 93, de falência de órgãos. Teve uma filha, quatro netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br

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