Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

USP expulsou alunos por 'ativismo político', diz estudante punida

Ex-diretora de associação da moradia estudantil nega ter participado de invasão

Joel Silva/Folhapress
Estudantes da USP protestam perto da Cidade Universitária contra a expulsão de alunos
Estudantes da USP protestam perto da Cidade Universitária contra a expulsão de alunos

DE SÃO PAULO

Uma das estudantes expulsas pela USP por conta da invasão de um prédio, Amanda Freire de Sousa, 29, afirmou ontem que nem participou da ocupação.

"A eliminação é um jogo político. As pessoas foram escolhidas pelo seu ativismo político", disse.
O reitor da universidade, João Grandino Rodas, divulgou no sábado que seis alunos estavam expulsos por terem invadido a sede da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em 2010: dois da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e quatro da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas).

O ato de moradores do Crusp (moradia estudantil) reivindicava mais vagas para moradia. As salas pertenciam anteriormente ao Crusp e, ocupadas, passaram a abrigar alunos. Mesmo após ordem da Justiça para reintegração de posse, a situação não foi resolvida.

A reitoria diz que, durante o ato, sumiram documentos, computadores e 12 toneladas de comida. E que "no processo encontram-se comprovados os ilícitos graves (...), que não se limitaram a protestos, nem somente a ocupar o espaço público".

Aluna de filosofia e ex-diretora da associação de moradores do Crusp, Amanda diz que os manifestantes devolveram tudo o que estava no prédio.

Mãe de recém-nascido, ela disse que já recebeu carta para deixar a moradia estudantil. Afirmou que recorrerá da expulsão -ainda define com advogados se internamente ou na Justiça- e que não pertence a partido político.

Ontem, houve ato na USP contra as expulsões, com 100 pessoas, segundo a reitoria, e 150, conforme o Diretório Central dos Estudantes.

A Folha não conseguiu localizar os outros alunos expulsos. Leis os principais trechos da entrevista com Amanda:

-

Como você avalia a expulsão?
Amanda Freire de Sousa - Eu nem estava lá. Mas era diretora da associação de moradores do Crusp. Foram forjadas provas e testemunhos para incriminar pessoas que eles queriam realmente eliminar da universidade.
Há outros casos assim. Não há provas de que as pessoas [acusadas] estavam lá.

A USP diz que sumiram equipamentos, papéis e comida...
Há documentos mostrando que o movimento entregou tudo. As pessoas da ocupação entregaram documentos e pertences que estavam lá dentro, em ato público.

Por que houve a invasão?
Esse movimento foi tirado numa assembleia dos moradores do Crusp, com uma pauta de reivindicação que inclui o aumento de vagas de moradia e o fim do sistema de vigilância que existe na USP.
A única dita prova contra nós é o testemunho desses seguranças, que são vigias de nossas vidas.

(FÁBIO TAKAHASHI)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.