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Corpo de mulher é encontrado em mala

Chamada por vizinhos incomodados com mau cheiro, Polícia Militar achou cadáver em apartamento na Bela Vista

Polícia tenta localizar garçom que alugou o imóvel, considerado o principal suspeito do novo 'crime da mala'

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

O corpo de uma jovem de aproximadamente 20 anos foi encontrado dentro de uma mala em um apartamento no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo.

Foi o cheiro do cadáver que levou a vizinhança a chamar o 190, número de emergência da polícia. "Podia ser um rato morto, mas podia ser algo mais grave. E foi", disse à Folha o vizinho P., que preferiu não se identificar.

Usando uma chave extra, o síndico do prédio, Moisés Alves da Silva, 27, abriu o apartamento com os policiais. A cena que eles viram era aterrorizante.

Todo o imóvel estava revirado. No chão, encontrava-se uma mala grande de rodinhas, com uma sacola sobre ela. Dentro, havia um corpo embrulhado em roupas e panos. O banheiro tinha uma poça de sangue. Na despensa, mais sangue em um lençol jogado num balde.

A decomposição do corpo estava tão avançada que os policiais não conseguiram de imediato identificar o sexo do cadáver. A cédula de identidade de uma mulher, Gisele Garcia Barbosa de Farias, 21, foi localizada na bagunça.

O imóvel, uma quitinete, tinha sido alugado para um garçom conhecido apenas como Leandro, desaparecido há cinco dias, o mesmo tempo que, calcula a polícia, ocorreu a morte da jovem.

A Folha apurou que o garçom trabalhava em um bar na praça Roosevelt, mantido pela Companhia de Teatro Os Satyros. Informados de que a polícia incluiu o rapaz no rol de suspeitos, atores e técnicos saíram em sua defesa.

"Ele é corretíssimo, gentil, nunca faria algo assim", disse um deles. "E se tiverem acabado com ele também?", perguntou outro.

NAMORADAS

Os vizinhos lembram-se de Leandro como um rapaz homossexual, que às vezes apresentava suas amigas como namoradas. Mas nada em seu comportamento denotava uma personalidade violenta.

O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, o DHPP, e já é conhecido como "novo crime da mala".

Em 1928, o imigrante italiano Giuseppe Pistone assassinou a mulher, Maria Fea, também italiana, e ocultou o corpo em uma mala, que despachou de navio para Marselha. Mas ao ser içada a bordo, no porto de Santos, a mala rompeu-se. Foi o cheiro pútrido, de novo, que denunciou o homicídio. Pistone cumpriu 20 anos de cadeia.

Hoje, a polícia deve ouvir o marido de Gisele, a dona da cédula de identidade encontrada no apartamento. Também será pedido ao homem que faça o reconhecimento do cadáver. Ainda resta uma possibilidade de que o RG e o corpo pertençam a duas pessoas diferentes.

Em frente ao prédio de número 407 da rua Luís Pórrio, onde tudo aconteceu, os vizinhos só querem saber quando poderão limpar o apartamento e retirar a mala, que ainda está no imóvel. "Como esquecer essa tragédia se o cheiro não sai?", pergunta P.

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