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Chefe que moralizaria batalhão é preso no Rio

Segundo investigações, tenente-coronel Beltrami é suspeito de envolvimento com tráfico

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Três meses após ter sido escolhido para moralizar o 7ºBPM (São Gonçalo), o tenente-coronel da PM Djalma Beltrami, 45, foi preso ontem por suspeita de corrupção e envolvimento com o tráfico.

A operação da Polícia Civil prendeu outros oito policiais e quatro traficantes.

Beltrami, que é ex-árbitro de futebol, substituiu o tenente-coronel Cláudio Oliveira, acusado de ser mandante da morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto, em Niterói.

Como outros 11 acusados pelo crime eram do batalhão, o então comandante da PM do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou na época que pretendia resgatar a imagem do 7ºBPM com um policial considerado "linha dura".

Pelas investigações, logo após assumir, Beltrami passou a receber R$ 10 mil por semana do traficante Maicon dos Santos, o Gaguinho, para não reprimir a venda de drogas no morro da Coruja.

Segundo policiais, Beltrami ordenou que cessassem as idas de patrulhas à favela.

Bailes funks e shows de pagode voltaram a ser feitos.

"Há indícios fortes de corrupção praticada pelo comandante Beltrami. [...] Quantias semanais eram pagas aos PMs, totalizando R$ 160 mil mensais", disse o delegado Alan Luxardo.

As investigações começaram há sete meses, a partir de homicídios praticados pela quadrilha de Gaguinho, e mostraram o envolvimento de policiais do GAT (Grupo de Ações Táticas) do 7º BPM com o traficante e também que, apesar da mudança de comando, as propinas continuaram a ser pagas.

Escutas telefônicas mostraram policiais negociando o pagamento da propina. Em uma delas, Gaguinho diz que "tem como [...] dar dez (mil) [...] para manter o do comando". "Comandante, entendeu? Arregar ele também. Isso que eu quero fazer".

Preso ao chegar ao batalhão, Beltrami foi levado para a Delegacia de Homicídios de Niterói, onde negou as acusações. "Sou inocente. Depois falarei. Não sei o que está acontecendo", afirmou. Seu advogado disse que vai pedir a revogação da prisão.

O caso desgastou ainda mais a relação já abalada entre as polícias Civil e Militar.

O comandante-geral da PM, Erir da Costa Filho, se reuniu ontem com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Levou o recado dos oficiais de que a PM estaria sofrendo retaliação.

Desde a prisão de policiais civis na operação Guilhotina, no início do ano, há uma disputa entre as instituições -negada pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) em programa na TV Bandeirantes.

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