Igreja pune 3 condenados por abuso sexual

A Igreja Católica mantém sob sigilo a conclusão dos processos canônicos a que foram submetidos três religiosos de Arapiraca (122 km de Maceió), condenados nesta semana pela Justiça a penas de até 21 anos de prisão por exploração sexual de adolescentes.

Os monsenhores Luiz Marques Barbosa, 83, e Raimundo Gomes, 54, e o padre Edilson Duarte, 44, foram acusados por três ex-coroinhas de abusarem sexualmente deles quando ainda eram menores. Barbosa foi condenado a 21 anos de reclusão. Gomes e Duarte, a 16 anos e quatro meses.

Ontem, o monsenhor Raimundo Gomes confirmou, por meio de seu advogado, que foi notificado da decisão da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Santa Sé que mantém contato direto com o papa Bento 16, mas não divulgou seu conteúdo.

Segundo o advogado Edson Maia, o religioso disse que a decisão está sob sigilo canônico e que não pode revelá-la em razão do voto de obediência.

Os outros dois religiosos ainda serão notificados, segundo nota da diocese de Penedo (AL). À Folha o bispo de Penedo, dom Valério Breda, disse que não tinha autoridade para divulgar o conteúdo.

O bispo afirmou ter ficado "entristecido" e "aliviado" ao saber da condenação pela Justiça dos três religiosos. Segundo ele, a decisão judicial reconhece que as acusações dos três jovens procediam e que existiu crime "nefando".

O bispo declarou ter visitado periodicamente os religiosos porque, mesmo afastados, eles fazem parte do clero.

CPI

A CPI da Pedofilia, em abril de 2010, fez uma audiência em Arapiraca para ouvir as vítimas e os religiosos. Dias antes, imagens do monsenhor Barbosa fazendo sexo oral com um ex-coroinha foram divulgadas pelo SBT.

Os três religiosos condenados negam ter abusado dos adolescentes. Eles vão aguardar recurso em liberdade.