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Remédio que matou 10 em MG tinha substância errada

Secretaria Estadual de Saúde achou anti-hipertensivo onde deveria haver antiparasitário

Advogada da farmácia, em Teófilo Otoni, afirmou que ainda não viu o laudo e que não iria se manifestar

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais disse ontem que achou anti-hipertensivo em cápsulas que deveriam ter antiparasitário. Há a suspeita de que os comprimidos causaram a morte de dez pessoas na região de Teófilo Otoni (446 km de Belo Horizonte).

O remédio da farmácia Fórmula Pharma deveria ter doses do antiparasitário Secnidazol, mas a composição foi trocada, segundo a secretaria. Análises de amostras do medicamento constataram a presença do anti-hipertensivo Anlodipina Besilato.

As amostras foram coletadas pela Vigilância Sanitária e pela Polícia Civil nas casas de pessoas que tomaram os medicamentos e examinadas por uma fundação estadual.

Ainda será preciso avaliar a quantidade do anti-hipertensivo. A secretaria suspeita de que a dose seja cerca de 40 vezes maior ao que uma pessoa poderia ingerir de uma vez. O laudo deve ser concluído em até 30 dias.

Esse também é o prazo para o resultado de exames feitos em oito corpos que foram exumados. As vítimas já haviam sido enterradas quando surgiram as suspeitas.

Órgãos de outros dois mortos, que ainda não haviam sido enterrados, foram encaminhados para análise do IML (Instituto Médico Legal).

A primeira morte suspeita ocorreu no dia 20 de novembro. A polícia abriu inquérito no início deste mês quando um casal foi internado após ter ingerido o remédio.

A partir de então, familiares de outros mortos procuraram a delegacia para registrar ocorrência.

Uma jovem de 22 anos foi a última vítima registrada. Ela morreu no dia 11, dois dias depois da mãe, que também ingeriu o medicamento.

INTERDIÇÃO

O casal que originou as suspeitas não corre risco de morrer. Segundo a delegacia de Téofilo Otoni, o homem recebeu alta, e a mulher segue internada, mas já saiu da Unidade de Terapia Intensiva. A farmácia segue interditada.

No início do mês, foi determinado que a farmácia deixasse de funcionar.

Apenas a drogaria que fica no mesmo local poderia operar, vendendo somente remédios industrializados.

Técnicos constataram que a restrição à empresa chegou a ser descumprida.

OUTRO LADO

A advogada Cleide Francisco de Carvalho, que representa a Fórmula Pharma, disse que ainda não viu o resultado do exame e que se manifestará após receber o laudo.

Na semana passada, a advogada afirmou que a farmácia funciona há dez anos "sem máculas" e que o dono do estabelecimento está "perplexo" e também é vítima.

"A vida comercial e pessoal dele foi aniquilada."

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