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'Passinho do Romano' vira febre na periferia

Coreografia que combina dança de robô com movimentos improvisados torna famosos jovens da zona leste de São Paulo

Na internet, há vídeos com mais de 2 milhões de visualizações; dança também é veículo para MCs que querem fama

LEANDRO MACHADO DE SÃO PAULO

"Tutum, tutum/ Faz o passinho do Romano, faz o passinho do Romano/ Tô com vergonha, tô com vergonha...", canta MC Crash, 14, num batidão de funk.

O som é dançado com movimentos frenéticos por um garoto. Os passos, rápidos, são quase todos criados no momento da execução.

O "passinho do Romano" virou febre na periferia de São Paulo, invadiu bailes e discussões na redes sociais.

"A dança é assim, você põe a mão no rosto, tipo cego, surdo e mudo, e finge que está com vergonha", explica Pedro Felipe de Jesus, 18, cujo nome artístico é Fêzinho Patatyy.

É ele quem dança a música do MC Crash em um vídeo visto mais de duas milhões de vezes no Youtube.

Na coreografia básica, também imita-se um robô, com movimentos mais lentos. O resto é improvisação.

O "passinho do Romano" surgiu como homenagem a Magrão, um morador do Jardim Romano, bairro pobre da zona leste de São Paulo. A Folha não conseguiu descobrir o nome dele.

Magrão dançava funk de um jeito engraçado, com movimentos rápidos, imitações de robô e a sugestão de que estava com vergonha, cobrindo o rosto com as mãos.

Ele morreu em um acidente de moto no fim do ano passado. Tristes com a perda, amigos imitaram a dança e fizeram vídeos em homenagem. A brincadeira se espalhou.

As versões se multiplicam, novos movimentos e músicas falando do passinho são criados. Duelos entre dançarinos são travados nos bailes da periferia --o mais aclamado ganha uma participação em clipes e em shows de MCs.

Uma busca simples mostra que existem 200 mil vídeos de "passinho do Romano" no Youtube. Geralmente, eles são gravados nas lajes das casas e colocados no ar, sem edição.

Fêzinho, por exemplo, tem mais de dez, todos filmados na laje do sobrado onde mora em Burgo Paulista, na zona leste. Cada um tem uma coreografia improvisada em cima dos passos básicos.

O jovem tem mais de 60 mil seguidores no Facebook: é um pequena celebridade do funk paulistano.

Fãs lhe mandam cartas e fazem juras de amor na rede social. Ao lado de Higor dos Santos, o MC Crash, Fêzinho já fez shows em São Paulo e em Atibaia. Está ganhando dinheiro e sonha em virar dançarino profissional.

Quando MCs querem fazer sucesso, pedem para que dançarinos como Fêzinho gravem vídeos fazendo o passinho ao som das suas batidas e os divulguem nas redes sociais.

SEM VERGONHA

Não é preciso conhecimento técnico de dança para fazer o "passinho do Romano". Também por isso ele cresceu.

"É uma dança maluca, o menino olha e pensa: se esse cara dança desse jeito, eu também posso'. Aí todo mundo faz", diz Gustavo Carlini, 22, dançarino do Bonde TNT, grupo que tem um dos vídeos de passinho mais vistos na web.

A coreografia também serviu para tirar a inibição de garotos que tinham vergonha de dançar nos bailes. "Só as meninas dançavam. Homem ficava de braços cruzados, olhando. Agora todo mundo quer fazer o passinho, fazer duelo", diz Fêzinho.


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