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'Aqui é muito sossegado', diz usuário sobre o bairro

DE SÃO PAULO

Deitado na calçada, com a cabeça apoiada em um vaso de cimento, o desempregado Manoel Alves de Lucena, 33, conta que chegou à região nobre de Higienópolis nesta semana. "Aqui é muito sossegado", diz, sorrindo.

Ele conta que consome crack há mais de dois anos. Em frente a uma casa de carnes na rua Baronesa de Itu, ele falou com a Folha. A seguir, trechos da conversa.

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Folha - Quando o senhor chegou aqui?
Manoel Alves De Lucena - Vim para cá nesta semana. Agora, moro aqui na rua.
A polícia disse se eu voltar para lá [cracolândia], eles vão me bater. Aquele lugar não tem mais futuro não. Vai acabar hoje ou amanhã.

Como os moradores de Higienópolis tratam o senhor?
Aqui é muito sossegado. O pessoal te ajuda. Dá dinheiro, comida, roupa. No fim da tarde, pego umas latinhas, vendo e aí vou lá comprar [crack]. Mas quero parar, vou parar.

Há quanto tempo o senhor fuma crack?
Cheguei da Paraíba dez anos atrás. Há mais de dois anos, comecei a usar pedra. Ficava lá [na cracolândia], porque lá é o lugar onde a gente encontra fácil, né?

O senhor gostaria de passar por um tratamento para tentar se livrar do vício?
Olha, se eles [prefeitura] pagarem a minha passagem, volto para a Paraíba na hora. Lá, ainda não tem esse negócio não. Desse jeito, não. Se eu ficar longe [do crack], sei que paro. Um dia eu paro.

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