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Dique se rompe e 1.000 saem às pressas

Volume de água do rio Muriaé fez estrutura ceder e inundou bairro de Campos dos Goytacazes, norte fluminense

Grupos de moradores resolveram ficar, apesar da ameaça das águas, para evitar que casas fossem saqueadas

DIANA BRITO
DENISE MENCHEN
DO RIO
ITALO NOGUEIRA
ENVIADO A CAMPOS DOS GOYTACAZES

Um bairro com 4.000 moradores em Campos dos Goytacazes, norte do Rio, teve de ser esvaziado ontem após um dique que levava água do rio Muriaé se romper. Cerca de mil foram levados para abrigados

O rio nasce em Minas. Chuvas no Estado e no norte fluminense fizeram o Muriaé subir 3 m acima do nível normal.

O dique, construído nos anos 1970 no km 118 da BR-356 (que liga Campos a Itaperuna), se rompeu por volta das 7h, formando uma cratera com 30 m na rodovia. A água do rio invadiu áreas vizinhas.

No início da noite, após reunião com governador Sergio Cabral no Rio, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, disse que a abertura da BR-356 foi uma ação planejada para impedir que as águas do Muriaé chegassem com muita força ao rio Paraíba do Sul e alagassem áreas maiores de Campos.

Ele elogiou a ação, que atribuiu à Defesa Civil do Estado.

"[A Defesa Civil] conseguiu desobstruir uma estrada para dar vazão às águas que chegavam em Campos, e 4.000 pessoas foram avisadas a tempo e realocadas, mitigando o risco de perda de vidas", disse.

O superintendente operacional da Defesa Civil, coronel Luiz Guilherme Ferreira dos Santos, disse desconhecer que o rompimento da pista tenha sido planejado pelo órgão.

Segundo o Dnit (departamento de infraestrutura de transportes), esse dique já se rompeu mais de uma vez.

Como a estimativa da Defesa Civil era que as águas chegassem a 2 m de altura até o fim da noite, a população começou a ser retirada. Cerca de mil moradores do bairro Três Vendas foram levados para abrigos. Os demais, porém, se recusaram a sair. Preferiram ficar no segundo andar ou nas lajes, temendo saques.

Eles foram autorizados a ficar pela Defesa Civil, pois a água não deve chegar às lajes. Mas, por precaução, o órgão montou esquema de resgate.

Ao longo do dia, diversos caminhões auxiliaram moradores a retirar seus pertences.

Famílias saíam parcialmente, mas deixavam sentinelas.

"Se deixar a casa sozinha, o pessoal vem de barco e leva tudo. Aconteceu em 2008", disse Denilson Leal, técnico em agricultura.

Segundo o professor de hidrologia José Carlos Mendonça, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, por estar em região de baixada, Campos é vulnerável a enchentes. Por isso, é cercada por diques para conter a água quando sobe o nível dos rios.

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