Maioria volta sem ter conseguido o que pretendia

Voltar ao Brasil sem conseguir o que queria passou a ser regra entre os ex-emigrantes. Sem "fazer a América", eles se sentem humilhados e perdidos, com dificuldade para entrar novamente no mercado de trabalho brasileiro.

Um estudo da pesquisadora Sueli Siqueira, doutora em sociologia da Univale (Universidade Vale do Rio Doce), mostra que 78% dos entrevistados -brasileiros da região de Governador Valadares que voltaram dos EUA entre 2006 e 2010- disseram não ter conseguido adquirir bens para melhorar de vida.

No total, 30% dos entrevistados apontaram a crise econômica como principal razão para retornar. Em primeiro, com 32%, está a saudade.

A pesquisadora ressalta, no entanto, que esse sentimento não levava os emigrantes a voltar quando a situação no exterior era boa.

Chama a atenção a demora dos ex-emigrantes em procurar emprego, mesmo após meses no Brasil.

"Ele fez toda essa viagem para voltar numa situação melhor do que foi. Como pode voltar para trabalhar como pedreiro se antes trabalhava no comércio no Brasil?", indaga a pesquisadora.

Para a pesquisadora, os ex-emigrantes rejeitam subempregos porque aceitá-los seria admitir o fracasso.

Valadares começou a "exportar" mão de obra na década de 1960, quando 17 alunos da cidade ganharam bolsas para estudar nos EUA.