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Moradores reclamam da cracolândia, mas gostam de onde vivem

Pesquisa mostra que 66% moram há mais de cinco anos na área, hoje ocupada pela PM

LUISA PESSOA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Paula Roberta do Carmo Assis, 24, mora na região da cracolândia desde que nasceu.

Mesmo fiel ao bairro, onde nunca foi assaltada -"mas já tentaram"- diz que pensa em se mudar e criar a filha, Eduarda, 2, longe dali se a situação não melhorar.

"Minha filha já aponta na rua e diz: "mãe, olha um 'noia'." Por isso, ela defende a ação da Polícia Militar.

Paula tem o perfil típico do morador da região que a prefeitura rebatizou de Nova Luz e que, em sua maior parte, coincide com a cracolândia.

Pesquisa feita pelo grupo que elaborou o projeto urbanístico para a revitalização da área mostra que o morador é fiel ao bairro -66% moram há mais de cinco anos por ali; 24% moram há mais de 20 anos, caso de Paula.

No total, a Nova Luz tem 11.279 moradores, segundo o levantamento, de agosto de 2010. É uma população jovem -57,% têm até 34 anos-, com renda média de R$ 1.323, semelhante ao do restante da cidade, de R$ 1.377, e maioria de brasileiros -88%.

A costureira Cilene de Oliveira Lima, 46, também defende a ação da PM. Ela diz que antes não era possível passar pela rua Helvétia, perto do ponto onde toma o ônibus para o trabalho, em um hotel na Bela Vista.

Ela nunca foi assaltada na região, mas seu marido já foi, na esquina de casa, logo depois que tinha recebido o pagamento da semana.

"Agora posso sair tranquila na rua. Antes, tinha lugares que não dava para andar."

O comerciante Edmundo Cândido de Souza, 74, mora na região desde 1961. Ele viu as mudanças do bairro nessas cinco décadas e diz que a situação ficou mais complicada a partir de 2001.

Souza concorda com a ação policial, mas acha que deve haver persistência para o problema não voltar.

Mesmo depois de já ter sido assaltado na praça Júlio Prestes, não reclama do bairro. "Sem os 'noias' é melhor, claro, mas já estou climatizado", diz Souza.

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