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Correção da prova do Enem vai mudar, diz Mercadante

Petista fala em continuidade da gestão Haddad, com foco em tecnologia

Crítico da aprovação automática quando foi candidato, ministro da Educação diz que não mudará essa orientação

ANTONIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
RENATO MACHADO
DE BRASÍLIA

Aloizio Mercadante completou ontem 18 dias a frente do Ministério da Educação prometendo dar continuidade ao trabalho do antecessor, Fernando Haddad, mas com discurso com ênfase no uso de tecnologias para melhorar a qualidade do ensino.
Antes de grandes projetos, porém, ele precisará resolver problemas imediatos, como uma melhor gestão do Enem.
Em entrevista à Folha, disse que a metodologia de correção da redação mudará a favor dos alunos, mas não garantiu duas provas em 2013.
O ministro, que quando foi candidato ao governo de São Paulo criticou duramente o que chamava de "aprovação automática", diz que não alterará a orientação -em vigor no MEC- de não reprovar alunos de ciclos iniciais. Leia trechos da entrevista.

Folha - Neste início de gestão, ficou a impressão de que o senhor acredita que a tecnologia salvará a educação. É uma impressão errada?
Aloizio Mercadante - A tecnologia não é um objetivo em si mesma, mas um instrumento que pode contribuir para um salto de qualidade. A escola tem de ser um agente que contribua para o processo de inclusão digital. Não é só preparar a juventude para usar a ferramenta no mundo do trabalho e da ciência, mas também na aprendizagem.
O arranjo social da sala de aula e o quadro negro são do século 18, os professores são do século 20 e os alunos são do século 21. Nós, professores, somos analógicos e imigrantes digitais. Os alunos são nativos digitais.
Será que tudo isso que aconteceu com a tecnologia não ajudará a gente a fazer uma escola muito mais criativa, mais interativa, que desperte mais inovação, curiosidade nos alunos? Eu acho que vai ter, mas tem de ter cuidado pedagógico, tem de dar passos consistentes. Acho que o MEC está sendo cuidadoso nessa trajetória.

O Enem vai parar de dar tanto problema?
Temos que melhorar a gestão? Sim. Mas já tem havido um esforço grande do MEC.
Estamos trabalhando para aumentar o banco de itens da prova [as questões precisam ser pré-testadas para medir o nível de dificuldade e permitir a comparação das notas ao longo dos anos]. Nos EUA, eles construíram um sistema com mais de 100 mil questões. Se tivéssemos 50 mil [hoje são 6.000], não teríamos mais dificuldade.
Estamos constituindo uma comissão de técnicos do Inep e especialistas em avaliação para discutir a metodologia da prova. E vamos melhorar a correção das redações, a favor dos alunos. E criar procedimentos mais rigorosos.

O que vai mudar?
No momento adequado vamos anunciar. O importante agora para os jovens é que continuem estudando.

Teremos dois exames no ano que vem?
Estamos trabalhando nessa possibilidade, mas primeiro vamos resolver o problema da ampliação do banco.

O MEC continuará divulgando notas por escolas, o que é criticado por alguns educadores?
Os pais não podem saber o que está acontecendo com os alunos se não houver um ranqueamento. Quando você compara, permite uma discussão de metas e de qualidade. Metas são fundamentais para que o sistema possa evoluir.

Quando candidato ao governo paulista, o senhor criticava o que chamava de "aprovação automática". O MEC, no entanto, orienta as redes a não repetirem nos anos iniciais. O senhor vai rever isso?
Vamos trabalhar no primeiro ciclo, dos seis aos oito anos, num programa de alfabetização na idade certa. Devemos criar a consciência de que os melhores professores, nos melhores horários e nas melhores salas de aula, com material pedagógico estruturado, devem ser destacados para o primeiro ciclo.
Temos dois caminhos a superar. Um é a indústria da repetência, que é o reconhecimento do fracasso pedagógico. Mas temos que superar a aprovação automática, em que o aluno não domina as habilidades necessárias para a etapa. Precisamos ter acompanhamento pedagógico mais consistente.

Mas o senhor manterá ou não a orientação de não reprovar?
Acho o ciclo [de não repetência dos seis aos oito anos] necessário. Os alunos chegam em condições familiares heterogêneas. Mas cumprindo metas de criação de creches e pré-escolas e alfabetizando na idade certa, vamos enfrentar o problema.

Leia a íntegra
folha.com/no1047224

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