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Maria da Graça dos Reis (1950-2012)

Dona Graça, líder comunitária

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nos anos 80, quando Maria da Graça dos Reis foi morar na recém-construída Cohab de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, o bairro, que abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, não tinha lá muita estrutura.

Dona Graça, como era conhecida, recusou-se a ficar de braços cruzados -foi batalhar por melhorias na região.

Nascida em Araxá (MG), era filha de uma lavadeira. Aos dois anos, o pai abandonou a família. Aos três, foi para Uberlândia, onde, aos 12, conheceu João, com quem acabaria se casando aos 16.

O casal morou um tempo em Brasília e, em 1980, veio para São Paulo. Seu primeiro emprego na capital foi como servente de escola. Também passou roupa. O marido, por 32 anos, trabalhou na Secretaria Municipal da Saúde.

Em 1984, juntou-se a um grupo de mulheres para criar o embrião do que seria a Ação Comunitária Tiradentes, ONG que tem creches, lar de idosos e que realiza dez projetos, atendendo, ao todo, mais de mil pessoas, segundo João.

No começo, dava metade do próprio salário de servente para as mulheres que cuidavam das crianças. Brigou para o bairro ter delegacia.

Conheceu Mario Covas ainda nos anos 80, quando o tucano foi prefeito. Engajada, tentou ser vereadora e participou da fundação do PSDB.

Em cada canto, deixou um rastro de obras sociais, conta o marido, que a descreve como bondosa, mas brava.

No fim do ano passado, descobriu um tumor. Morreu no sábado, aos 61, no hospital Cidade Tiradentes que lutou tanto para que existisse. Teve dois filhos e sete filhos.

coluna.obituario@uol.com.br

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