Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Polícia prende dois suspeitos de praticar racismo na internet

Segundo a investigação, eles planejavam fazer um massacre durante festa da Universidade de Brasília

Presos, segundo a Polícia Federal, faziam apologia à violência e discriminação contra mulheres, negros e gays

JEAN-PHILIP STRUCK
DE CURITIBA
DE BRASÍLIA

A Polícia Federal prendeu dois homens ontem, em Curitiba (PR), sob suspeita de apologia à violência e discriminação contra mulheres, negros, nordestinos, homossexuais e judeus na internet.

Segundo a PF, o brasiliense Marcelo Valle Silveira Mello, 29, e o curitibano Emerson Eduardo Rodrigues, 32, planejavam um massacre de alunos da UnB (Universidade de Brasília), além de publicarem conteúdo racista.

Eles mantinham o domínio silviokoerich.org, cujos textos eram ilustrados com fotos de mulheres decapitadas e continham frases que incitavam o estupro e morte de mulheres que mantinham relações sexuais com negros.

Eles, segundo a polícia, também pediam a legalização da pedofilia. "Este é um dos casos mais graves que já vi. Não só pela discriminação, mas pela pregação do extermínio", disse o delegado Flúvio Garcia. A investigação durou cinco meses.

O site da ONG SaferNet, que monitora casos de apologia à violência e racismo, registrou até a semana passada 69.729 denúncias contra o site. Ontem, a página ainda estava no ar. Ela está hospedada num provedor da Malásia e, diz a PF, foi pedido para que seja desativada.

Um texto de 12 de março dá a entender que os suspeitos pretendiam matar alunos do curso de ciências sociais da UnB. "A cada dia que se passa fico mais ansioso, conto as balas, sonho com os gritos de vagabundas e esquerdistas chorando, implorando para viver", diz um trecho.

Segundo a PF, Mello, que é técnico de informática, era o responsável pelo site. No seu quarto de hotel, em Curitiba, foi apreendido o mapa de uma casa em Brasília onde acontecem festas da UnB.

A UnB não quis comentar o caso, mas seu site informa que avisou, em janeiro, a polícia sobre as ameaças.

Mello já cursou letras na instituição. Em 2009, ele foi condenado por racismo na internet ao ofender colegas favoráveis às cotas raciais. A defesa dele alegou insanidade mental e ele foi absolvido. Em 2006, ele foi desligado da UnB. Um processo disciplinar ainda corre contra ele.

Na conta bancária do suspeito, foram encontrados R$ 500 mil. O dinheiro dele foi bloqueado.

A PF investiga se os dois trocaram mensagens com Wellington Menezes de Oliveira, o atirador do Realengo, antes do massacre que matou 12 alunos, em abril.

Eles podem responder por racismo, incitação à violência e publicação de material com conteúdo pedófilo.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.