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PF diz que reforma derrubou pilar de prédio que desabou

Segundo delegado, operários atingiram paredes de sustentação de edifício Liberdade, no centro carioca

Investigadores chegam a conclusão depois de acareação; Polícia Civil já havia detectado dano na estrutura do prédio

DIANA BRITO
DO RIO

O delegado federal Fábio Scliar disse ontem ter certeza de que paredes estruturais foram derrubadas durante a obra que era realizada no 9º andar do edifício Liberdade, que desabou em janeiro no centro do Rio, levando junto dois prédios vizinhos. Ao menos 19 pessoas morreram.

"Entre sete e oito paredes derrubadas, pelo menos quatro eram estruturais", afirmou Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal, após fazer uma acareação com quatro operários da obra.

Segundo o delegado da Polícia Federal, os operários concluíram que as paredes derrubadas eram estruturais porque "havia uma estrutura de concreto e ferro amarrada por estribos que adentravam a viga e a laje do piso".

Em depoimento, os operários afirmaram que teriam "cortado o ferro sem saber se estava amarrado ou não".

O delegado afirmou ainda que os operários disseram que as paredes do 9º andar foram derrubadas a pedido de Cristiane Azevedo, gerente da empresa TO (Tecnologia Organizacional).

A empresa TO ocupava seis andares do edifício Liberdade e já havia reformado os outros cinco andares.

A gerente era a responsável por fazer o relacionamento entre os operários da obra e os donos da empresa.

Cristiane Azevedo e o advogado da empresa negam que paredes estruturais tenham sido derrubadas.

Para Scliar, a acareação foi importante para esclarecer dúvidas e divergências dos depoimentos dados pelos quatro trabalhadores. Um deles admitiu, segundo o delegado federal, ter mentido em depoimento prestado à Polícia Civil, em fevereiro.

Um dos quatro operários que atuaram na obra do 9º andar informou que foi intimidado por representantes da TO para combinar uma versão sobre as intervenções que a empresa fazia no prédio.

O inquérito que investiga a queda dos três prédios passou para a alçada da Polícia Federal por envolver danos ao Theatro Municipal, um bem tombado pela União.

A Polícia Civil já havia firmado convicção de que a empresa TO modificara a estrutura de vários andares do edifício e que as paredes derrubadas exerciam função de sustentação do edifício.

Imagens de vídeo feitas por um operário antes da queda mostram uma coluna quebrada, com vergalhões à mostra, além de perfuração na viga.

DESCONHECIMENTO

Scliar destacou que os operários que trabalhavam na obra não eram especializados. Segundo a Polícia Federal, os homens trabalhavam em uma empresa de decoração que desenvolvia serviços na área de gesso, piso e persiana.

"Não tinham conhecimento", afirmou o delegado.

O Instituto de Criminalística Carlos Éboli identificou anteontem mais dois corpos de vítimas da queda dos prédios. Três pessoas permanecem desaparecidas.

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