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Carne humana recheava salgados, diz presa

Mulher detida com duas outras pessoas afirma à polícia que usava parte dos corpos das vítimas em empadas vendidas em PE

Trio confessou ter matado 3 mulheres e praticado canibalismo; polícia diz que o nº de vítimas pode chegar a 11

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A GARANHUNS (PE)
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO

Isabel Cristina Torreão Pires da Silveira, 51, era conhecida em Garanhuns, no agreste pernambucano, pelos salgados bem temperados que vendia nas ruas. Presa na quarta-feira, ela afirmou à polícia que recheava as empadinhas com carne humana.

Em depoimento gravado em vídeo, Isabel contou que também comercializava os salgadinhos em hospitais e delegacias. "Vendi até a você", disse a um dos policiais.

Em um dos vídeos, ela diz que usava só um "pouquinho" de carne humana. "[Era] mais com molho, só as pontinhas."

A mulher faz parte de um grupo de três pessoas suspeitas de matar, esquartejar, comer e enterrar os corpos de ao menos três mulheres. Mas a Polícia Civil acredita que mais oito pessoas podem ter sido assassinadas pelo trio.

O grupo estaria planejando uma nova vítima: uma jovem de 18 anos, de Lagoa do Ouro (PE). Seu nome, não divulgado, estava em um diário apreendido na casa dos suspeitos. Ontem, a polícia disse ter achado uma cova vazia no quintal da residência.

Restos dos corpos de Alexandra Falcão, 20, e Giselly Helena da Silva, 31, desaparecidas neste ano, já foram achados em covas no local.

Além de Isabel, foram presos o marido dela, Jorge Negromonte da Silveira, 51, e a amante dele, Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25.

Uma menina de cinco anos morava com eles e contou à polícia sobre as mortes. Depois disso, Isabel indicou o local onde os corpos estavam. A criança seria filha de Jéssica, 17, supostamente morta pelo trio em 2008, em Olinda (PE).

LIVRO

A morte de Jéssica teria sido contada em detalhes no livro "Revelações de um esquizofrênico", escrito por Jorge em 2009 e registrado em cartório em março deste ano.

Segundo a polícia, os três disseram agir por orientação de uma voz, que indicava mulheres "que não prestavam".

A casa onde o trio morava foi saqueada e incendiada anteontem. Vários documentos foram destruídos, mas vizinhos resgataram papéis e gravações. A Folha teve acesso a alguns deles. Há um vídeo em que Jorge simula arrancar e comer os olhos da mulher.

Os suspeitos ainda não têm advogado, segundo a polícia.

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