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Usuários do metrô invadem estacionamentos da USP

Alunos e professores reclamam de dificuldade para achar vagas no campus

Alguns pedem proibição da entrada de veículos de fora; inaugurada há um ano, estação não tem estacionamento

REYNALDO TUROLLO JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alunos e professores da USP reclamam que a inauguração da estação Butantã do metrô, há cerca de um ano, trouxe um efeito colateral inesperado.

Segundo eles, as ruas do campus na zona oeste da cidade viraram uma espécie de "garagem" da estação, onde pessoas largam seus carros para utilizar o metrô, distante um quilômetro dali.

Como consequência, o trânsito aumentou e achar vaga tornou-se uma tarefa difícil em certas unidades. Além disso, há motoristas que estacionam em áreas proibidas, aproveitando que a Guarda Universitária, que fiscaliza o campus, não pode multar.

Muitos veículos permanecem estacionados durante o dia inteiro. "É a maior cara de pau. Você só vê o pessoal parando o carro e indo correndo para o ponto de ônibus [para ir até a estação]. Tem uns que vêm todo dia no mesmo horário", disse um guarda universitário, que não quis ter o nome divulgado.

Passageiros dizem que usam o estacionamento da USP por falta de opção.

"Se o metrô tivesse estacionamento, eu usaria", afirmou o administrador Carlos Cesar Correia da Silva, 39, que deixa o carro durante o dia na USP, onde, à noite, cursa ciências sociais.

A estação Butantã não tem estacionamento e encontrar uma vaga próximo a ela pode custar R$ 30 por dia.

"Moro na zona oeste, mas longe da estação. Venho de carro até a USP e vou de metrô até a Luz", afirma uma gerente de vendas que não quis se identificar.

Na comunidade acadêmica, já há quem defenda que o acesso de veículos à USP passe a ser permitido apenas para quem tem vínculo com a universidade.

"Ser um estacionamento livre a céu aberto é a última das funções da universidade", diz o professor do departamento de engenharia de energia e automação elétricas, Eduardo Mario Dias.

"Se continuar esse movimento, talvez [exista] a possibilidade de colocar adesivos no vidro [dos carros], como em alguns condomínios", afirma a pesquisadora do Museu da Educação e do Brinquedo da USP, Fernanda Cristina Pedrinelli, 42.

A opinião, no entanto, não é unânime. Apesar de admitir que "a universidade virou um grande estacionamento", o professor aposentado da Faculdade de Educação, João Pedro da Fonseca, 68, não aprova que se tome nenhuma medida restritiva.

"[Restringindo o acesso] Você não vai à causa do problema", afirma. "Colocar cancela eu não concordo. A USP não pode ficar isolada da cidade como um todo. Isso é um problema urbano."

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