Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Christiane Riera (1968-2012) Deixou sua marca no teatro e no cinema DE SÃO PAULOA dramaturgista e crítica Christiane Riera morreu ontem, aos 44 anos, em São Paulo, em decorrência de um câncer, contra o qual lutava desde junho de 2011. Riera fazia pós-doutorado na ECA-USP, estudando modos de avaliação de roteiros cinematográficos, sob supervisão de Esther Hamburger. Fez mestrado e doutorado em dramaturgia e crítica dramática pela Universidade Yale. Trabalhou por três anos como consultora para o Yale Repertory Theater e foi crítica colaboradora do jornal "The Village Voice", além de consultora do The New York Theater Workshop. Riera também influenciou a produção cultural brasileira. Foi crítica de teatro da Folha entre 2010 e 2011. No cinema, atuou como consultora de roteiros para a produtora Gullane Filmes e coordenou o departamento de desenvolvimento de projetos da produtora O2. Orientou os roteiros de "O Jardineiro Fiel", dirigido por Fernando Meirelles, "Xingu" e "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", ambos dirigidos por Cao Hamburguer. Trabalhou ao lado de outros nomes do cinema brasileiro, como Laís Bodanzky, Karim Aïnouz, Heitor Dhalia e Carlos Cortez. Sua carreira foi singular ao mesclar conhecimento acadêmico e de realização, assim como teatro e cinema. "Foi uma pessoa com qualificações muito raras e contagiava a todos com seu entusiasmo", diz Esther Hamburger. Nesse trânsito constante entre estudos acadêmicos e práticos, teatro e cinema, desenvolveu função até então inédita no país, a de dramaturgista. "A Chris inventou essa profissão para ela. Ela ajudava os artistas envolvidos num filme a entenderem o texto, descobrirem entrelinhas. Deixou sua marca ao nos fazer buscar compreender desde a essência de um filme até a obra total. Nunca vi essa função no cinema daqui ou no lá de fora", diz Cao Hamburguer. No teatro, entre outros trabalhos, traduziu e produziu ao lado de Célia Forte e Maria Luísa Mendonça o espetáculo "Essa Nossa Juventude", do dramaturgo americano Kenneth Lonergan, que obteve duas indicações para o Prêmio Shell em 2006. Como crítica, Riera também deixou um legado. "Além de erudição, ela tinha um olhar generoso que não é comum na crítica", recorda o autor e ator Ivam Cabral. Christiane Riera deixa um filho, João, fruto do casamento com o roteirista e dramaturgo Bráulio Mantovani. Seu corpo seria cremado hoje, às 13h, no Horto da Paz. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |