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Bandidos impõem toque de recolher na zona leste

Lojas, escolas, postos de saúde e terminal de ônibus tiveram que fechar

Moradores dizem que ação na Cidade Tiradentes (zona leste) foi reação a mortes causadas pela Rota

Joel Silva/Folhapress
PM faz ronda em meio a comércio fechado na zona leste
PM faz ronda em meio a comércio fechado na zona leste

DE SÃO PAULO
DO “AGORA”

Criminosos impuseram toque de recolher na Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, entre a noite de anteontem e ontem. Escolas, creches, igrejas, postos de saúde, lojas e até o terminal de ônibus foram obrigados a fechar as portas.

Segundo moradores, o toque de recolher foi uma reação dos criminosos à morte, pela Rota (unidade de elite da Polícia Militar), de nove pessoas em nove dias.

Seis dessas mortes ocorreram na segunda, após tiroteio em um estacionamento na Penha, na zona leste. De acordo com a polícia, eram suspeitos de integrar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

As outras três mortes ocorreram no último dia 21, após assalto a um posto de combustíveis no Cambuci.

Ontem, 27 pessoas da região confirmaram à Folha que a ordem era fechar as portas dos estabelecimentos e não ficar na rua. Dessas, seis disseram ter recebido diretamente a ordem de alguém que dizia ser do PCC.

Um homem que trabalha no terminal disse que um rapaz se dirigiu a um colega dele e falou que "o bicho ia pegar" se não fechassem o local. "Eram umas oito da noite quando um homem mandou fechar o terminal."

Servidores da SPTrans (órgão municipal que administra o local) impediram que os ônibus saíssem de lá. "Só entrava, nenhum ônibus saía", disse uma funcionária.

Ao menos 12 escolas não abriram após receber ameaças, por telefone ou de homens aparentemente armados. Na Unidade Básica de Saúde Inácio Monteiro, cartazes informavam que o local havia fechado temporariamente por orientação da supervisão da saúde.

Ontem, quatro jornalistas do Grupo Folha que estavam na região foram ameaçados enquanto trabalhavam.

REFORÇO

Embora tenha afirmado que tudo não passou de boataria, a Polícia Militar reforçou a segurança na região.

"Estamos desde a noite de terça monitorando tudo o que acontece na área. Tudo não passou de um alarme falso. Mesmo assim, determinei que todos os policiais da Força Tática da região fossem para a rua", disse o comandante da PM, Marcos Roberto Chaves.

Sobre as ameaças feitas a quem não fechasse suas portas ou se recolhesse às suas casas, o coronel Chaves disse que quem fez isso é oportunista e só quis "criar uma sensação de insegurança que não deveria existir".

(AFONSO BENITES, CRISTINA MORENO DE CASTRO, MARCELLE SOUZA E TATIANA SANTIAGO)

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