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Aref negociou com empresa que pedia liberação de prédios

Ex-diretor do Aprov adquiriu quatro apartamentos com preços abaixo dos de mercado de construtora em 2008

Promotoria diz que vai abrir inquérito para apurar negócios feitos entre Hussain Aref Saab e a construtora JZM

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

Enquanto analisava os projetos de dois prédios da construtora JZM, o então diretor responsável pela liberação de alvarás de empreendimentos imobiliários em São Paulo comprou quatro imóveis dessa mesma construtora a preços abaixo do mercado.

Hussain Aref Saab, 67, foi diretor do Aprov (departamento que aprova prédios médios e grandes na cidade) de 1995 até abril.

Nesse período, Aref adquiriu 106 imóveis estimados em mais de R$ 50 milhões no mercado, conforme revelou o "TV Folha" em maio.

Um dos apartamentos adquiridos na época da tramitação da análise do projeto da JZM, por exemplo, custou a Aref R$ 100 mil, quando o valor de mercado era de R$ 600 mil.

Em 2008, Aref e a SB4 compraram quatro imóveis da empresa. Neste mesmo período, o Aprov analisava o projeto do edifício Prelúdio, que a JZM construiu na Vila Mascote, e do edifício Toccata, que a Della Volpe -da qual a JZM é sócia- ergue na Chácara Santo Antonio.

O Prelúdio tem apartamentos de 127 m² a 257 m² que valem de R$ 820 mil a R$ 1,6 milhão. O Toccata, previsto para ser entregue em março de 2013, tem apartamentos de 138 m² negociados por R$ 1 milhão a R$ 1,2 milhão cada.

TRAMITAÇÃO RÁPIDA

Cada processo demorou menos de um ano para ser aprovado. O prazo médio para a liberação de um alvará é de dois anos, desde a entrada do projeto na prefeitura.

O projeto do edifício Toccata precisou passar, inclusive, pela Ceuso, comissão técnica da Secretaria da Habitação presidida pela assessora de Aref, Lúcia de Sousa Machado. Lúcia foi exonerada após a Folha revelar que ela não declarou ter mantido R$ 1,7 milhão em joias, reais e dólares em sua casa.

A tramitação pelo Ceuso se deveu a divergência de cálculo da metragem do prédio entre a empresa e a prefeitura.

Aref é investigado por suspeita de corrupção e enriquecimento ilícito. Após a reportagem da Folha, Lúcia também passou a ser investigada pelo Ministério Público por enriquecimento ilícito.

O promotor Silvio Marques disse que vai abrir inquérito sobre a negociação de imóveis entre Aref e a JZM por improbidade administrativa.

O argumento é que negociar imóveis da empresa enquanto se analisa projetos dessa mesma empresa pode configurar conflito de interesses, que leva à improbidade.

Diretores da JZM devem ser convocados para prestar depoimento nos próximos dias sobre essas negociações.

Somente da JZM, Aref comprou dez apartamentos na Chácara Flora.

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