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Na cidade recordista de casos, 'valores morais' são a explicação

DA ENVIADA ESPECIAL A TIMÓTEO (MG)

Ter controle sobre a educação moral dos filhos é a principal característica das famílias de Timóteo, Minas Gerais, que adotam o "homeschooling". São 200 casos, na maioria evangélicos.

A Folha conversou com quatro delas. Todas se inspiram na história de sucesso da família de Cléber Nunes, que se autodeclara cristão.

Os filhos Davi e Jônatas, que foram educados em casa e hoje trabalham como programador e webdesigner, ganharam neste ano prêmios na área de inovação tecnológica que somam R$ 30 mil.

O administrador de empresas Glayson Fick Silva, 41, afirma que pretende manter a filha Emilly longe da escola em razão da inversão dos valores éticos e morais.

"Os educadores dizem que a socialização é importante. Mas do jeito que as coisas estão, isso tudo não é exemplo", justifica Silva.

A mulher Mariana, 31, formada em ciências biológicas, é quem educa a filha do casal, de quatro anos.

"Minha filha estudou um ano em uma escola que também tinha alunos maiores. Nesse período, uma menina ficou grávida, um aluno entrou com arma na escola e outro foi pego fazendo sexo oral no banheiro. Como vou entregar [para a escola] meu bem mais precioso?"

O metalúrgico Hugleslei Vagner Mendonça Filho, 35, e a mulher Fabrícia, 32, têm preocupações semelhantes. Neste ano, eles retiraram as filhas Emily, 10, e Camila, 7, da escola. "Somos evangélicos e seguimos princípios bíblicos contrários ao que se ensina na escola, como o homossexualismo."

Fabrícia conta que teve ajuda de uma pedagoga para montar a grade curricular das filhas parecida com o que elas aprenderiam na escola. "Acrescento aulas práticas, como cozinha e jardinagem."

Ela afirma que Emily está mais "desinibida". "Ela tinha vergonha de perguntar na sala de aula, tinha medo de errar. Agora isso acabou. As duas também estão lendo mais."

E a socialização com outras crianças? "Elas têm as amiguinhas da igreja e duas vezes por semana frequentam aula de natação."

Neste ano, o aposentado Gilberto Pereira Lana, 49, e a mulher Rilda, 40, também retiraram da escola os filhos Beth, 14, e Gabriel, 11, para educá-los em casa. "Nosso objetivo não é fazer como no sistema, decorar, marcar 'xiszinhos'. Queremos que eles cresçam intelectualmente."

O casal foi denunciado ao Conselho Tutelar e agora aguarda a audiência. "Estamos tranquilos. É um direito nosso", afirma o pai.

Da escola, Beth só diz sentir saudade dos amigos. "Foi difícil para mim, mas eu sei que os meus pais estão fazendo o melhor para mim." (CC)

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