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Cliente sai para jantar sem celular e só com RG

Série de arrastões força paulistano a adotar medida de 'redução de danos'

DE SÃO PAULO

Na porta de um restaurante em Pinheiros, zona oeste, o empresário Rafael Annunziata, 33, mostra a carteira de motorista. "Foi tudo o que eu trouxe hoje", disse à Folha.

O cartão, para pagar a conta do jantar, estava no bolso da mulher."E é só o cartão. iPhone, relógio, correntinha, ficam em casa. Nem uso bolsa", completou a bacharel em turismo Sabrina Goulart, 33.

A medida não é exclusividade deles. Com os 22 arrastões que ocorreram neste ano em São Paulo, paulistanos mudaram a rotina. Além de deixar celulares, joias e bolsas em casa, passaram a sair mais cedo para jantar fora.

Caso do administrador Paulo Rubião, 25, e da mulher dele, a fonoaudióloga Roberta Paulon, 26, que deixaram a cantina La Trattoria às 20h30 na última terça-feira.

"Minha sogra me ligou de Salvador e pediu que a gente viesse mais cedo por causa dos arrastões", disse Rubião.

Eles escolheram a cantina da r. Antonio Bicudo para um jantar romântico. Nessa via, de 2011 para cá, foram três arrastões -no La Trattoria, no Nello's e no Dois, que fechou.

Quando a designer Neila Lopes, 50, sai para jantar com o marido, o engenheiro Armando Graziano, 58, leva uma bolsa grande. "É grande, mas está vazia. É só o cartão para pagar e mais nada."

A "redução de danos" não tem muita eficácia, segundo o psiquiatra Elko Perissinotti, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

"Não há garantia nenhuma de que você não vá ser assaltado se mudar o horário que vai ao restaurante. A pessoa só cria uma fantasia para si própria para tentar amenizar um trauma que ainda nem aconteceu. Ela simula, inconscientemente, uma proteção", afirmou Perissinotti.

Confira entrevista em
folha.com/no1105668

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