Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Promotoria apura suspeita de propina a Eduardo Jorge

Testemunha diz que ex-secretário autorizou retirada de árvores no Higienópolis

Segundo depoimento, ele recebeu R$ 200 mil do shopping em 2009; Jorge nega as acusações feitas aos promotores

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O Ministério Público investiga uma denúncia de que Eduardo Jorge, ex-secretário do Verde e Meio Ambiente da gestão Gilberto Kassab (PSD), recebeu propina para autorizar a retirada de árvores para a reforma do shopping Pátio Higienópolis.

Em depoimento aos promotores que apuram irregularidades na aprovação de empreendimentos imobiliários em São Paulo, uma ex-executiva da BGE, empresa do grupo Brookfield que administrava o shopping, disse que Jorge recebeu R$ 200 mil em 2009. O ex-secretário nega as acusações e diz que processará a testemunha.

A ex-executiva da BGE atuava no setor que cuida da ampliação dos shoppings do grupo. No depoimento, os promotores a identificam como "Testemunha D".

Durante as obras de ampliação do Higienópolis, várias árvores tiveram de ser removidas do local. Para obter a autorização da Secretaria do Verde, a BGE, segundo a testemunha, pagou propina para Eduardo Jorge e técnicos da secretaria.

Aos promotores, ela disse que participou de reuniões nas quais o nome do ex-secretário foi citado como beneficiário da propina. Diz ainda que ela mesma vistou uma nota utilizada para justificar a saída do dinheiro da BGE.

O pagamento teria sido intermediado pela Seron Engenharia, que emitiu a nota, em julho de 2009, no valor de R$ 246 mil, descrevendo serviços de "diligenciamento para aprovação do relatório arbóreo junto a câmara de compensação e obtenção do laudo ambiental" do shopping.

Dias depois, foi publicado no "Diário Oficial" o termo de compensação ambiental, com aval de Jorge.

CONPRESP

A mesma testemunha afirma ainda que Vasco de Mello, ex-conselheiro do Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico), também recebeu propina de R$ 200 mil para aprovar no conselho o projeto de reforma do shopping, vizinho de um casarão do século 19. Mello nega.

A ex-executiva, que terá de repetir o depoimento em juízo, relata ainda que o shopping pagou propina a Hussain Aref Saab, ex-diretor do setor que aprova empreendimentos na cidade, e ao vereador Aurélio Miguel (PR).

O depoimento reforça a versão de Daniela Gonzalez, ex-diretora financeira da BGE, que relatou o funcionamento de esquema de propina entre a empresa e Aref.

Aref adquiriu 106 imóveis nos pouco mais de sete anos em que permaneceu no cargo, como o "TV Folha" revelou mês passado. Ele é investigado por suspeita de corrupção. O Ministério Público pediu o bloqueio de seus bens.

A nova testemunha também acusa fiscais das subprefeituras da Sé e da Lapa e técnicos da Secretaria do Verde, que teriam sido pagos para fazer vistas grossas a irregularidades nas obras dos shoppings do grupo.

Jorge é o único nome do primeiro escalão da gestão Kassab envolvido até agora no "escândalo dos alvarás". Ele deixou o governo no começo do mês e é cotado como vice na chapa de José Serra (PSDB) para as eleições municipais.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.