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PM entra em alerta após mais 2 mortes

Dois soldados foram assassinados na zona sul da cidade; em apenas dez dias, cinco policiais militares morreram

Policiamento nas ruas foi reforçado e folgas foram suspensas; comandante determina conduta de segurança

Eduardo Anizelli/Folhapress
Mercado na zona sul de São Paulo onde mais um PM foi morto; ele estava fora do horário de trabalho e não usava farda
Mercado na zona sul de São Paulo onde mais um PM foi morto; ele estava fora do horário de trabalho e não usava farda

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

O Comando-Geral da Polícia Militar paulista colocou os quase 100 mil homens da tropa em estado de alerta após a morte de mais dois PMs entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, na zona sul de São Paulo.

PMs do setor administrativo irão reforçar o policiamento nas ruas hoje e amanhã. As folgas de todos os integrantes da tropa foram suspensas.

O comandante-geral Roberval Ferreira França enviou uma carta ontem a todos os PMs determinando "conduta de segurança especial", "que ocorrências policiais sejam atendidas por dois carros" e também "cautela redobrada com a aproximação de carros, motos e pessoas".

AS MORTES

Na noite de quinta, o soldado Paulo César Lopes Carvalho foi baleado na cabeça dentro de um mercado no Capão Redondo (zona sul); na madrugada de ontem, o soldado Osmar Santos Ferreira foi atacado quando ia de moto para o trabalho.

Ao todo, entre o dia 13 e ontem, cinco PMs foram mortos nas zonas leste (3) e sul (2) de São Paulo em ataques com características de crimes encomendados. Duas bases da PM na zona leste também foram atacadas a tiros.

Todos os cinco PMs mortos estavam fora do horário de trabalho e sem farda. Investigações sigilosas da Corregedoria da PM e do DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil, apuram se as cinco mortes têm ligação.

Serviços de inteligências das polícias Civil e Militar apuram se os homicídios podem ser uma retaliação da facção criminosa PCC à operação da Rota (espécie de tropa de elite da PM) que matou seis homens em maio, na zona leste de São Paulo.

Um dos mortos pela Rota, Anderson Minhano, 31, chegou a ser preso, mas foi morto após ter sido torturado em uma rodovia. Ele era suspeito de ter matado, em abril, o PM Elias Barbosa dos Santos.

Três homens da Rota acusados de matar Minhano foram presos.

Há, ainda, a suspeita de que a transferência, na semana passada, de um dos chefes do PCC para o presídio de Presidente Bernardes -onde o preso fica 23 horas por dia isolado- também tenha contribuído para os ataques.

'NADA A VER'

Tanto o secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Antonio Ferreira Pinto, quanto o comandante-geral da PM negam, desde anteontem, que as mortes dos PMs sejam uma retaliação do PCC.

"Nada a ver com a ação da Rota, não tem nenhuma ligação, nem há sentido de se pensar ou fazer especulação nesse sentido. São policiais em folga", disse o secretário.

Desde quinta, a Folha pede entrevista com o comandante-geral da Polícia Militar, mas ele não atende.

Neste ano, as mortes de PMs em folga subiram 41%.

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