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Sem vestibulinho, colégio usa até sorteio em seleção

Justiça proibiu provas que determinam quem ingressa no ensino fundamental

Restrição faz com que Santa Cruz não aceite mais novos alunos para 1º ano; Gracinha usa idade como desempate

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Sob pressão do Ministério Público e da Justiça, colégios particulares de São Paulo decidiram alterar as seleções de novos estudantes -o tradicional Santa Cruz é um deles.

Os vestibulinhos para ingresso no ensino fundamental têm dado lugar a sorteios e filas por ordem de inscrição.

Em abril, a Justiça proibiu como critérios para ingresso no ensino fundamental métodos que considerem situação pedagógica ou conteúdos aprendidos pelos estudantes.

Segundo o Ministério Público Federal, autor do pedido judicial, os exames "podem causar transtornos psicológicos às crianças".

O caso mais emblemático de mudança é o do Santa Cruz. Citado nominalmente na ação judicial que veta as provas para ingressos no primeiro ano, a escola não aceitará estudantes novos para a primeira série de 2013.

A escola entende que, como não pode avaliar o "mérito" da criança, novos alunos na série podem prejudicar os demais da turma, uma vez que a alfabetização começa no seu ensino infantil.

Por outro lado, decidiu ampliar vagas na pré-escola. Os postos adicionais serão ocupados por meio de sorteio. Até então, preenchiam todas as vagas dessa etapa crianças com vínculo com o colégio (como irmão de aluno).

Para a escola, apesar de não ser o ideal, o novo formato consegue atender à legislação e dar diversidade ao alunato, sem prejudicar o trabalho pedagógico.

O Porto Seguro, também citado na ação judicial, informou que prioriza irmão de alunos e filho de ex-estudantes. Se sobrarem vagas, considera a ordem das inscrições.

Em nota, a escola citou também que há atividades lúdicas aos alunos e entrevistas às famílias interessadas, mas não informou se o aluno que não atingir as expectativas poderá se matricular.

Último colégio citado na ação, o colégio Nossa Senhora das Graças (Gracinha) definiu que, caso os alunos com vínculo com a escola não preencham todos os postos, os próximos estudantes a serem chamados serão os mais velhos da lista de pretendentes.

O Gracinha já havia entrado em acordo com o Ministério Público Federal em 2007.

Há ainda outros formatos. O Móbile, que no passado já aplicou avaliações, agora afirma usar o sorteio, caso haja mais demanda que vagas.

O colégio Elvira Brandão disse inicialmente que faz avaliação diagnóstica para "analisar se o aluno tem condições de acompanhar o aprendizado". Após questionamentos da Folha, disse não existir seleção -busca só conhecer os futuros alunos.

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