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Fotos gigantes querem dar 'cara' aos excluídos

Projeto registra a vida na favela do Moinho, atingida por incêndio em 2011

Iniciativa, que já existe em países como Tailândia, Israel e EUA, envolve coletivo de 11 fotógrafos

MARIANA DESIDÉRIO
DE SÃO PAULO

Não se espante se, ao passar pelo Minhocão ou pela Consolação, você se deparar com fotos gigantes, com cerca de três metros, de umas figuras desconhecidas -como a dona Rosa, com suas rugas profundas ou o jovem Wellington e seu sorriso maroto. As caras da favela do Moinho, no centro, vão invadir a cidade.

Tel Aviv, em Israel, Nova York, nos EUA e Chiang Mai, na Tailândia, são alguns lugares que já se depararam com situação semelhante.

Ela é resultado de um projeto de intervenção urbana de um grupo de artistas chamado Inside Out. A ideia aqui é bem simples: fotografar, ampliar e distribuir pelas cidades fotos de anônimos.

Difícil é bancar essa iniciativa. Para isso, o grupo que toca o projeto em São Paulo criou uma campanha na internet para arrecadar verba. Eles precisam de R$ 11.990. O dinheiro será usado para ampliar as fotos em tamanho gigante e colá-las pela cidade.

Para contribuir, é preciso acessar o site http://catarse.me e procurar pelo projeto. É possível fazer doações a partir de R$ 10. A arrecadação vai até terça, ao meio-dia.

O Inside Out foi idealizado pelo artista de rua francês JR e, segundo sua organização, já aconteceu em 9.560 lugares pelo mundo (leia ao lado).

XÔ, PRECONCEITO!

"A ideia é dar visibilidade para as histórias dessas pessoas", diz Carlos Inada, um dos coordenadores da ação. "A favela do Moinho é um lugar invisível em São Paulo."

Em dezembro de 2011, um prédio dentro da favela foi atingido por um incêndio, que deixou dois mortos. Com a tragédia, o Moinho ganhou destaque no noticiário.

Agora, os moradores afetados recebem auxílio aluguel da prefeitura, que promete instalar todos em moradias definitivas em outros locais.

O projeto na favela mobilizou 23 pessoas ao longo de quatro meses e teve cerca de 120 retratados. Foram feitos também vídeos de entrevistas.

Um dos fotografados foi o supervisor de móveis Humberto José Martins Rocha, 40. Para ele, o projeto deve ajudar a acabar com o preconceito contra os moradores.

"Acho que contribui para nossa situação, com certeza. Vai divulgar que nós estamos aqui, existimos e somos alguém. Na classe alta, somos muito mal vistos. As nossas fotos ajudam as pessoas a verem que aqui [na favela] há pessoas de respeito."

Além das fotos, o Inside Out perguntou aos participantes: O que é importante para você?

Humberto não hesita em responder: "Para mim, é conseguir moradia para todos aqui dentro. Se a prefeitura cumprisse com a parte dela, ficaria muito satisfeito."

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