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Análise

Ajuste de Dilma interrompe política federal de benesses

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

A administração petista estabeleceu, na bonança econômica de Lula, um padrão de generosidade com o funcionalismo que Dilma, neste momento de vacas magras, não pode reproduzir.

Reajustes salariais bem superiores aos da iniciativa privada não foram a única benesse concedida aos sindicatos dos servidores, que estão entre as principais bases políticas do PT.

O quadro de civis do Poder Executivo foi elevado de 485 mil para os atuais 573 mil funcionários, revertendo praticamente todo o enxugamento promovido nos anos FHC.

Atendendo à pressão das corporações, o número de carreiras na máquina administrativa federal saltou de pouco mais de 30 para mais de uma centena hoje -cada uma com seus próprios planos de carreira e demandas salariais.

Essa expansão não seguiu uma política de recursos humanos que identificasse as necessidades dos diferentes órgãos e categorias.

Tratou-se, principalmente, de uma ofensiva de reparação aos servidores do Executivo, que, no governo tucano, haviam sido sacrificados pelo ajuste fiscal e viram seus vencimentos se distanciarem ainda mais dos salários do Legislativo e do Judiciário.

PACOTES

Graças a dois pacotes de reajustes salariais generalizados, em 2006 e 2008, os funcionários da administração direta, das autarquias e das fundações tiveram ganhos inéditos em tempos de inflação controlada.

A despesa média mensal com servidores do Executivo saltou de R$ 2.840 per capita, no início do governo petista, para R$ 7.690, hoje -alta de 170%, contra uma inflação acumulada de 70%.

No topo do ranking salarial, delegados da Polícia Federal, cuja remuneração máxima era de exatos R$ 9.281,73, hoje recebem até R$ 19.699,82, mais que o dobro.

O surto de reajustes desencadeou uma corrida entre carreiras e poderes. Na lógica sindical do funcionalismo, não importam apenas os ganhos, mas também a posição na hierarquia salarial do serviço público.

Dilma, no entanto, foi obrigada a promover uma política de contenção de gastos para controlar a inflação herdada do antecessor e manter a dívida pública sob controle.

Como os programas sociais de transferência de renda e as obras de infraestrutura são prioridades indiscutíveis, o quadro de pessoal foi a vítima preferencial do ajuste.

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