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SP tem 15 prédios construídos sobre terrenos contaminados

Só na capital paulista, 40 áreas poluídas estão nas mãos das construtoras, segundo a Cetesb

Segundo moradores, nem sempre as empresas informam que prédio está em área com problemas

Carlos Cecconello/Folhapress
Prédio comercial em construção sobre área contaminada no Ipiranga, zona sul de São Paulo
Prédio comercial em construção sobre área contaminada no Ipiranga, zona sul de São Paulo

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Com o boom imobiliário e sem mais tantos terrenos disponíveis, as construtoras têm erguido prédios em áreas contaminadas.

Só na cidade de São Paulo, 40 terrenos classificados como contaminados pela Cetesb (agência ambiental paulista) estão nas mãos do setor imobiliário. Desses, 15 já têm prédios prontos ou empreendimentos lançados.

A Folha chegou a esse número após cruzar a lista de áreas contaminadas com locais que são ou serão prédios.

Moradores afirmam que nem sempre são avisados de que o imóvel está nessa situação antes de o negócio ser fechado. Construtoras negam.

Ao ocupar um terreno contaminado, as construtoras são obrigadas a remediá-lo para o prédio ser ocupado. Só que, em alguns casos, a descontaminação leva mais tempo do que o previsto, atrasando a entrega das chaves.

Desvalorização do imóvel e restrições à obra, como proibir a construção de um parquinho em determinado lugar, estão entre os impactos possíveis. É comum o caso ir à Justiça, por iniciativa de um morador ou da Promotoria.

Entre os empreendimentos localizados em área contaminada está o L'Essence, na Mooca (zona leste), cujos apartamentos estão à venda por cerca de R$ 1 milhão.

Um dos corretores disse à Folha desconhecer a contaminação. A PDG, responsável pelo empreendimento, nega que omita essa informação e diz que isso consta do memorial descritivo do imóvel.

Afirma ainda ter cumprido as exigências da Cetesb -e que o terreno está tecnicamente limpo.

Resta agora o monitoramento de que não há mais problema, para que o órgão ambiental e a prefeitura deem o aval ao condomínio.

Já a Rossi adquiriu um terreno no Ipiranga, zona sul, para construir o edifício comercial Rossi Ipiranga One.

O local, antes ocupado por um posto de gasolina, já passou por descontaminação, mas está sob monitoramento da Cetesb.

A Gafisa também tem condomínios em áreas contaminadas. As duas empresas dizem cumprir exigências da Cetesb e que avisam os futuros compradores sobre a situação.

SÓ DEPOIS

Na Grande São Paulo, o representante comercial Alexandre Schiavinatto diz só ter sido informado da contaminação após comprar um apartamento no Condominium Parque Clube, em Guarulhos. "Fiquei sabendo por boatos. Nunca nem construtora nem corretores falaram nada."

A área foi descontaminada, mas Schiavinatto afirma que, além de não ter sido avisado, a entrega das chaves atrasou sete meses. A Helbaaco Empreendimentos, responsável pelo condomínio, nega. Ele pediu indenização na Justiça; não há decisão.

"Se pelo menos parte dos consumidores lesados buscasse a Justiça, seria mais barato para as construtoras fazer estudos prévios em vez de pagar indenizações", afirma a advogada Vanessa Baggio, que representa Schiavinatto.

Elton Gloeden, gerente de áreas contaminadas da agência, diz que é melhor uma construtora descontaminar o terreno do que deixá-lo esquecido. As empresas, diz, deveriam usar casos assim como propaganda.

Na maior parte dos casos, não há risco à saúde, diz a Cetesb.

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