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Aéreas dizem gastar R$ 70 mi por ano em auxílio a passageiros

O valor se refere à assistência a que as empresas foram obrigadas a prestar em 2011, por norma da Anac

Dados incluem TAM, Gol, Avianca, Azul e Trip; regra que determina ajuda aos passageiros é de 2010

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

As cinco principais companhias aéreas brasileiras disseram ter gasto, juntas, cerca de R$ 70 milhões em 2011 em assistência aos passageiros a que são obrigadas a prestar em caso de cancelamento, atraso de voo ou overbooking.

A norma que impõe obrigações às empresas aéreas vale desde junho de 2010 e foi criada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Ela determina que as empresas têm de oferecer itens como acesso à internet, alimentação, transporte e hospedagem; quanto maior o tempo de espera do passageiro em caso de problemas, maior a indenização.

Inédito, o balanço foi feito pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) a pedido da Folha, com base em dados fornecidos por TAM, Gol, Azul, Trip e Avianca, associadas da entidade que, somadas, detinham em 2011 mais de 95% do mercado doméstico nacional.

A Abear não forneceu números por companhia ou por tipo de assistência prestada. A Webjet, adquirida pela Gol, não entrou na conta.

Os dados são relativos apenas ao pagamento das indenizações. Não incluem eventuais multas que a Anac aplicou às empresas por descumprimento da norma.

Consultada na tarde de quinta-feira, a Anac disse não ter como confirmar os dados.

QUEIXA

A principal queixa das empresas aéreas quanto à resolução é a determinação de compensar passageiros mesmo quando o problema não foi causado pela companhia, como greves ou problemas meteorológicos.

"Embora a responsabilidade de todo o processo de viagem de avião não seja exclusiva das empresas aéreas, são elas que indenizam os passageiros", informou a Abear.

Foi assim, por exemplo, com as cinzas do vulcão Puyehue, no sul do Chile, que chegaram a fechar o espaço aéreo em junho e julho de 2011 e deixaram voos nacionais e internacionais no chão.

Em dezembro, paralisação de funcionários terceirizados pela Polícia Federal no aeroporto de Cumbica (Guarulhos) também atrasou voos.

A Anac entende se tratar de risco inerente à atividade e que as companhias aéreas são responsáveis pelo passageiro que compra o bilhete. O Código de Defesa do Consumidor também atribui responsabilidade às empresas em casos assim.

Os cerca de R$ 70 milhões gastos quase dariam para comprar um jato ERJ 190 da Embraer, usado pela Azul e pela Trip, exemplificou a Abear. Seria possível também encher 1.400 aviões com passageiros em um voo doméstico. A entidade foi criada em agosto para representar o interesse das empresas.

NO VERMELHO

O setor aéreo anda no vermelho -TAM e Gol, as duas maiores e as únicas a divulgar balanço, tiveram prejuízo de R$ 335,1 milhões e R$ 710,4 milhões em 2011, respectivamente.

No segundo trimestre de 2012, os resultados negativos continuaram para TAM e Gol. O mau desempenho se deve ao impacto da desvalorização do real e ao aumento, no custo das empresas, do combustível de aviação.

MAL INFORMADO

Apesar do valor gasto, passageiros reclamam de que recebem assistência só quando procuram as companhias.

"O consumidor ainda é muito mal informado pelas empresas aéreas e, às vezes, tem que percorrer uma via-crúcis nos aeroportos para ter os seus direitos assegurados", afirma Paulo Arthur Goés, diretor executivo da Fundação Procon de São Paulo.

Sobre a queixa das empresas de que gastam com indenização até mesmo quando não têm culpa, ele comparou: "Se o passageiro perde o voo porque ficou parado no trânsito, a empresa devolve o dinheiro da passagem? Não. É a mesma coisa. As empresas têm que dar assistência seja qual for o motivo".

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