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Choveu ou não choveu?

Garoa que o paulistano viu cair ontem na capital foi tão fina que estação meteorológica nem registrou; já são 55 dias sem precipitação significativa

Apu Gomes/Folhapress
Mulher se protege de garoa no centro de São Paulo
Mulher se protege de garoa no centro de São Paulo

MARIANA DESIDÉRIO
DE SÃO PAULO

Em meio a uma das maiores estiagens da história de São Paulo, alguns moradores acordaram ontem com uma surpresa: uma leve chuvinha, quase imperceptível. Era tão fina e isolada que nem foi registrada pela estação meteorológica do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), na zona norte. Mas paulistanos garantem que viram chuva na capital, por volta das 7h.

O ator Leonardo Beltrame, 25, mora na zona sul e não viu a água cair, mas diz acreditar que não foi miragem. "Não vi uma gota, mas percebi que de manhã estava mais fresco. No trabalho, me disseram que teve uma garoa mínima na marginal Pinheiros."

Beltrame é só mais um dos paulistanos que estão sofrendo com o tempo seco e torcem pela vinda da chuva. "Ela piora o trânsito, mas é necessária. No tempo seco, a garganta incomoda muito."

O chuvisco de ontem aconteceu, sim. Não foi uma miragem. A estação meteorológica do IAG (instituto de ciências atmosféricas), da USP, registrou garoa na região da Água Funda, na zona sul. Mas a água foi tão mínima que não foi possível medi-la.

Por isso, São Paulo continua a contabilizar dias sem chuva. Agora, já são 55 seguidos sem precipitação significativa, segundo o Inmet. É o maior período desde 1994. O instituto só considera chuvas significativas a partir de 1 mm de água (um litro de chuva em um metro quadrado).

Em 1º de agosto, por exemplo, choveu 0,3 mm. Mas o volume foi tão pequeno que não interrompeu a sequência de dias secos na contagem.

Além desses chuviscos, o paulistano tem se deparado com ventos mais frios repentinos, que também não são fantasiosos. Acontece que, com o tempo seco, algumas chuvas mais fracas chegam a cair, mas não conseguem atingir o solo. A água evapora antes, esfriando o ar e deixando o ambiente mais fresco.

UMIDADE DO AR

Mesmo que não tenha acabado com a secura, a garoinha de ontem ajudou a aumentar um pouco a umidade do ar. Às 15h, a cidade marcava 26% de umidade. No dia anterior, a marca ficou em 19%.

Não foi suficiente, porém, para melhorar a qualidade do ar. Tanto ontem quanto anteontem, o ar ficou regular, segundo a Cetesb (companhia ambiental de São Paulo).

Para alguns paulistanos, no entanto, houve uma leve melhora. A estudante de psicologia Margarete Carlos, 30, moradora do centro, foi uma das sortudas que viram a chuva de ontem.

"Quando saí de casa e vi a chuva, fiquei feliz, porque o ar estava bem gostoso", diz. "Mas durou muito pouco, logo ficou abafado de novo."

Enquanto a chuva "de verdade" não vem, é bom o paulistano se contentar com garoinhas como a de ontem. Para hoje e amanhã, a previsão é de mais chuva leve.

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